Motoboys fazem buzinaço contra médico que tentou intimidar entregador
Um vídeo postado nas redes sociais mostra o momento em que o entregador é intimidado. A gravação viralizou e gerou protestos de motoboysMotoboys fizeram buzinaço contra médico que tentou intimidar entregador em Brasília. A movimentação começou após um vídeo postado no Tik Tok nessa segunda-feira, 5, mostrando o momento em que um médico, identificado como Krishnamurti Sarmento, teria intimidado um entregador por ele não subir até seu apartamento para entregar a comida.
Defesa do médico alega que a gravação "não mostra todo o contexto do ocorrido" e frisa que a divergência foi "exclusivamente quanto à forma que ocorreu a entrega".
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As imagens foram registradas pelo próprio entregador e viralizaram no Tik Tok. O vídeo conta com mais de 11 milhões de visualizações.
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Nas imagens, é possível ver o momento em que o entregador era intimidado na portaria do prédio.
"Eu dizendo que é para ele subir e ele não sobe. Quando chegou, se recusou a subir. Estava lá escrito que era para subir, que era opção, ele não quis falar comigo no interfone e ainda se recusou a subir", diz o médico, que também gravava a situação.
Sem discutir, o motoboy entrega a comida e pede o código de verificação para o médico, que se recusa a passar. Nesse momento, ele tira a comida da mão do médico e é acusado de roubar o alimento.
"Está me roubando aqui, ó. Roubou da minha mão a comida. Eu quis pegar a comida e ele não entregou a comida. Pode ficar, eu peço estorno. Ele roubou", fala o médico.
Após a repercussão do caso, entregadores do Distrito Federal fizeram um protesto na frente do prédio do médico, na noite desta segunda-feira.
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Os vídeos do buzinaço também foram publicados no Tik Tok e mostram a concentração de motoboys na rua.
Defesa alega que vídeo não mostra todo o ocorrido
Nesta terça-feira, 6, a advogada que representa o médico encaminhou uma nota ao O POVO. Segundo defesa, o "vídeo publicado não mostra todo o contexto do ocorrido, não mostra o teor do chat, nem a interação posterior, que evidenciaria entendimento diferente".
"A divergência ocorrida entre o cliente Ifood e o entregador, não se deu pelo fato de o entregador subir ou não até a porta da residência, ou menos contra a pessoa desse e obviamente jamais contra sua categoria profissional. Inicialmente o cumprimento da entrega foi equivocado, executado diferente do todas as demais entregas praticadas anteriormente, habitualmente, há mais de 4 anos", diz documento.
Defesa alega que o entregador agiu de forma divergente algumas vezes, como errando o endereço da entrega e "exigindo" que o cliente fosse buscar no endereço errado. Motoboy também teria chegado no local correto sem se identificar ao porteiro e pedido que médico descesse mesmo após o cliente dar a possibilidade da entrega ser deixada na portaria.
"Nunca, a divergência foi pessoal, foi exclusivamente quanto forma que ocorreu a entrega, em relação aos direitos consumeristas. Por fim, o usuário do aplicativo registra que respeita e preza os trabalhadores que promovem entregas, se desculpa e retrata-se quanto a situação evidenciada no vídeo, se houve por quem quer que seja a mínima possibilidade de suposição de desrespeito da pessoa do entregador ou da categoria profissional", destaca defesa, alegando ainda que cliente estaria passando por um "linchamento virtual".
Confira nota na íntegra:
"Referente a matéria que envolve os dados do Dr. Krishnamurti, assim manifestamos: Por volta das 15h de domingo, o usuário do aplicativo Ifood efetuou pedido de refeição, promovendo o pagamento do produto e da entrega, conforme estipulado pelo aplicativo. Destacamos que desde que se cadastrou no aplicativo, há mais de quatro anos, nunca teve qualquer problema, tendo recebido os pedidos exatamente conforme solicitado, todos na porta do imóvel.
A divergência ocorrida entre o cliente Ifood e o entregador, não se deu pelo fato de o entregador subir ou não até a porta da residência, ou menos contra a pessoa desse e obviamente jamais contra sua categoria profissional. Inicialmente o cumprimento da entrega foi equivocado, executado diferente do todas as demais entregas praticadas anteriormente, habitualmente, há mais de 4 anos.
O vídeo publicado não mostra todo o contexto do ocorrido, não mostra o teor do chat, nem a interação posterior, que evidenciaria entendimento diferente. Inicialmente, via chat, foi recebida uma mensagem enviada pelo entregador informando que supostamente haveria chegado, se localizando em frente a uma igreja, perguntando se o cliente não iria até lá pegar a entrega lá.
A mensagem foi prontamente respondida, indicando que o local da entrega estava errado. Respondeu o entregador que o GPS dele mostrava que seria ali, solicitando que fosse até a porta da igreja. Em resposta, o cliente questionou se ele não possuía o endereço indicado na compra. O entregador não respondeu o questionamento quanto ao endereço, então o cliente enviou nova mensagem informando ao entregador o endereço correto. Todavia, ficou receoso por informar, vez que todos os pedidos registram os endereços.
A seguir foi enviada nova mensagem do entregador:"Hmm, achei. Pode descer." Contudo não houve confirmação do porteiro, como é o habitual, causando novamente estranheza, foi perguntado então ao entregador pelo chat se ele havia se identificado, pois diante da divergência quanto ao endereço houve receio. Veio então a chamada por interfone, momento em que cliente ifood solicitou ao porteiro para falar com o entregador, a fim de que ele deixasse o pedido na portaria e lhe informasse o código, porém, ele se negou a falar com o cliente, exigindo que descesse.
No momento do recebimento do pedido, quando o entregador questionou sobre o código, como exibe o vídeo, o cliente se negou a fornecê-lo tão somente naquele momento porque o pedido não tinha sido verificado, tão pouco tinha como verificá-lo na portaria do prédio. Tratava-se de refeições não cartas. Por isso o usuário optou por conferir o produto, para então informar o código via chat, como já vinha se comunicando. Por diferentes vezes outros entregadores promoveram entregas e posteriormente mandaram mensagens ou interfonaram novamente, porque haviam se esquecido do código sem qualquer problema.
O pagamento de todo o pedido e entrega já tinha sido confirmado, não foi por subir ou descer até a porta ou considerar o entregador um serviçal, isso é uma ilação absurda. Sequencialmente ao se direcionar de volta ao apartamento, já de costas, o usuário teve a sacola do pedido arrancado de suas mãos, foi quando assustado com a abordagem inesperada disse que o entregador havia roubado a sacola de suas mãos, não inferindo com isso qualquer acusação. Manteve distância e respondeu "Pode levar, eu peço o estorno”. Não agrediu, afrontou ou ofendeu.
Não houve qualquer reação pelo cliente ifood quando o entregador arrancou a sacola de suas mãos, e não foi fato dele não querer subir ao apartamento que causou o questionamento quanto a entrega, foi por todo o contexto, que desde o início se deu de forma totalmente diferente do praticado por todos os demais entregadores que nos promoveram entregas.
Não há no vídeo viralizado qualquer xingamento, ofensa ao entregador ou a classe de entregadores. Não há qualquer comentário generalista ofensivo, mesmo porque não há motivo para isso. Em seguida a publicação do vídeo em redes sociais, o cliente passou a ser alvo de linchamento virtual. No mesmo dia, por volta das 22h, cerca de de 20 a 30 motos se concentraram em frente a sua residência, promovendo muito barulho, contudo, sem vandalismo ou violência.
Nunca, a divergência foi pessoal, foi exclusivamente quanto forma que ocorreu a entrega, em relação aos direitos consumeristas. Por fim, o usuário do aplicativo registra que respeita e preza os trabalhadores que
promovem entregas, se desculpa e retrata-se quanto a situação evidenciada no vídeo, se houve por quem quer que seja a mínima possibilidade de suposição de desrespeito da pessoa do entregador ou da categoria profissional.
Ressalta que não agiu com agressão ou xingamentos, limitou-se ao registrou a insatisfação do ocorrido, exclusivamente pertinente quanto ao serviço contratado com o aplicativo e a forma como foi prestado. O entregador é escolhido, contratado e pago pelo Ifood, entendia, portanto, ser seu preposto, e foi nesse sentido a ocorrência. Reconhece o árduo trabalho desempenhado pelos entregadores como fundamental, que deve ser valorizado, são profissionais que laboram sob chuva e sol, por baixa remuneração, se expondo a riscos e acidentes sem qualquer amparo.
Portanto, jamais se tratou a situação de indisposição contra a pessoa do profissional, ou atividade exercida. Diante do exposto, solicito por gentileza, que: Considerando que após a divulgação do vídeo o usuário teve seus dados exibidos publicamente de forma ilegal, o que propiciou a identificação de seus dados, permitindo que diferentes pessoas registrassem ameaças e ofensas, inclusive no seu trabalho.
E em conformidade com a disposição da LGPD, considerando a responsabilidade ética da imprensa e mídias sociais, e principalmente a segurança do cliente e de sua família, que devem ser resguardadas, bem como da vizinhança de onde mora. Que qualquer dado já divulgado, que leve a identificação do cliente, seja retirado das publicações e promovida a devida retratação, tais como rosto, endereço, nome ou profissão, que inclusive em nada se comunica com o fato ocorrido. Nem mesmo quaisquer dados dessa representante, e seja garantido o direito de resposta".
Atualizada às 21 horas da terça-feira, 6
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