“Nós, filezeiras, não sabíamos que o filé tinha vindo junto com os colonizadores, que o filé é antigo, então isso fez com que a gente tivesse muito orgulho de fazer um trabalho milenar. E isso foi o que despertou na gente a vontade de aprender muito mais sobre essa história”, afirma a artesã Petrúcia Ferreira Lopes, vice-presidente do Inbordal.
A partir do contato com as francesas, as artesãs passaram a estudar os tutoriais em vídeo produzidos pelas colegas europeias. Segundo Marta, mesmo em outro idioma, elas têm facilidade para entender a mensagem porque a técnica é praticamente a mesma.
A presidente do Inbordal, Maylda Cristina Soares da Silva, contou que o ponto que as francesas chamam de espiritual é conhecido por elas como ponto antigo. “Eu aprendi que a técnica delas é mais fácil e eu estou usando”, conta.
Para que cada artesã não precise comprar tantos novelos para fazer uma peça, as lojas vendem o chamado bolo de linha. É uma técnica que as bordadeiras desenvolveram que consiste em juntar os fios de novelos de cores diferentes e enrolar até formar o bolo colorido com o peso equivalente ao de um novelo. “A gente só encontra isso em lojinhas de bairro, onde já sabem que a artesã trabalha dessa maneira”, explica a presidente do Inbordal.
O filé de Alagoas é feito em linha mercerizada 100% algodão. Para entender melhor o comportamento da matéria-prima, o Inbordal fez um convênio com a fábrica de linhas Círculo, que envolveu também o Sebrae e a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) de Maceió. A proposta inicial era melhorar a matéria-prima, ter informações sobre quanto a linha pode ser tensionada e como deve ser conservada, garantindo melhor qualidade do produto final. Hoje, por meio da parceria, o Inbordal compra a linha com valor diferenciado.
Ainda por meio da parceria, uma oficina com uma designer têxtil contratada pela empresa trabalhou a cartela de cores com as associadas. Como resultado desse exercício, nasceu a coleção Duas Lagoas e Uma Ilha.
“A ideia é que elas se apropriem dos acidentes geográficos e a partir daí pensem nas próximas coleções e que elas levem o ambiente, a região geográfica onde elas moram e passem também a assumir essa identidade com muito orgulho”, explica Marta.
Dúvidas, Críticas e Sugestões?
Fale com a gente
Geral
artesanato
bordado filé
Alagoas
França
Bordado