Colorido do bordado filé de Alagoas encanta artesãs francesas

As bordadeiras tiveram que colocar no papel os critérios que definem um autêntico filé.

11:21 | Dez. 04, 2022

Por: Agência Brasil
Caminhos da Reportagem Bordado filé, nas cores de Alagoas (foto: Caminhos da Reportagem TV Brasil)

Artesãs brasileiras, as filezeiras alagoanas – bordadeiras que usam a técnica do bordado filé – mantém diálogo e trocam experiências com artesãs da França que usam o bordado para preservar a cultura da região. A iniciativa partiu das brasileiras, em meio ao processo de organização e defesa do artesanato que virou símbolo do estado e é fonte de renda para muitas famílias que vivem na Região das Lagoas Mundaú e Manguaba.*/ /*]]>*/

As bordadeiras tiveram que colocar no papel os critérios que definem um autêntico filé. O resultado foi o Caderno de Instruções do Filé, que reúne pontos tradicionais, cujos nomes são bastante singulares, como besourinho, jasmim, olho de pombo, caneludo, entre outros.

“Nós, filezeiras, não sabíamos que o filé tinha vindo junto com os colonizadores, que o filé é antigo, então isso fez com que a gente tivesse muito orgulho de fazer um trabalho milenar. E isso foi o que despertou na gente a vontade de aprender muito mais sobre essa história”, afirma a artesã Petrúcia Ferreira Lopes, vice-presidente do Inbordal.

A partir do contato com as francesas, as artesãs passaram a estudar os tutoriais em vídeo produzidos pelas colegas europeias. Segundo Marta, mesmo em outro idioma, elas têm facilidade para entender a mensagem porque a técnica é praticamente a mesma.  

A presidente do Inbordal, Maylda Cristina Soares da Silva, contou que o ponto que as francesas chamam de espiritual é conhecido por elas como ponto antigo. “Eu aprendi que a técnica delas é mais fácil e eu estou usando”, conta.

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Para que cada artesã não precise comprar tantos novelos para fazer uma peça, as lojas vendem o chamado bolo de linha. É uma técnica que as bordadeiras desenvolveram que consiste em juntar os fios de novelos de cores diferentes  e enrolar até formar o bolo colorido com o peso equivalente ao de um novelo.  “A gente só encontra isso em lojinhas de bairro, onde já sabem que a artesã trabalha dessa maneira”, explica a presidente do Inbordal.

O filé de Alagoas é feito em linha mercerizada 100% algodão. Para entender melhor o comportamento da matéria-prima, o Inbordal fez um convênio com a fábrica de linhas Círculo,  que envolveu também o Sebrae e a Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC) de Maceió. A proposta inicial era melhorar a matéria-prima, ter informações sobre quanto a linha pode ser tensionada e como deve ser conservada, garantindo melhor qualidade do produto final.  Hoje, por meio da parceria, o Inbordal compra a linha com valor diferenciado.

Ainda por meio da parceria, uma oficina com uma designer têxtil contratada pela empresa trabalhou a cartela de cores com as associadas. Como resultado desse exercício, nasceu a coleção Duas Lagoas e Uma Ilha.

“A ideia é que elas se apropriem dos acidentes geográficos e a partir daí pensem nas próximas coleções e que elas levem o ambiente, a região geográfica onde elas moram e passem também a assumir essa identidade com muito orgulho”, explica Marta.