Jovem morre após inalar fungo que fica na toca do tatu; caça do animal é ilegal

A contaminação ocorreu há cerca de um mês, quando os garotos tiveram contato com tocas de tatus

09:11 | Ago. 25, 2022

Por: Danrley Pascoal
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a Coccidioidomicose é uma micose sistêmica, de evolução aguda ou crônica, restrita a regiões secas do continente americano. (foto: Reprodução/TV Gazeta)

Uma infecção provocada pelo fungo Coccidioides brasiliensis, popularmente conhecida como "doença do tatu” ou ainda Coccidioidomicose, matou um adolescente de 16 anos no município de Simões, a aproximadamente 440 km de Teresina, capital do Piauí. Após oito dias internado na UTI do hospital de Picos, o garoto não resistiu e morreu no último sábado, 20. O fungo fica alojado dentro da toca do animal e as pessoas ao fazerem a caça do tatu, que é ilegal, podem se contaminar.

"O paciente procurou atendimento após apresentar perda de peso, febre alta, dor torácica, dispneia (dificuldade de respirar) e tosse", informou o Hospital Justino Luz ao UOL. Um irmão do menino, de 14 anos, e um amigo de 22 anos do adolescente também foram contaminados.

Conforme o portal UOL, a unidade de saúde informou se o irmão é monitorado em sua residência, enquanto o amigo está internado por apresentar dispneia, recebendo atendimento em uma sala de cuidados críticos.

A contaminação ocorreu há cerca de um mês, quando os garotos tiveram contato com tocas de tatus, durante uma caçada. Dias depois eles começaram a apresentar os sintomas. De acordo com o UOL, a Secretaria de Saúde de Simões e o prefeito Zé Wlisses declararam que o município já registrou outros casos da “doença do tatu”.

 

Conheça a doença


"O fungo fica na toca, que é abrigo do tatu. Com a caça ilegal, [a pessoa] acaba inalando os esporos, liberados pelo ar e geralmente ocorre a infecção. O ideal é não fazer caça do tatu, até porque é ilegal" explica em aspas retiradas do UOL o médico infectologista José Noronha, diretor do Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella, em Teresina.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), a Coccidioidomicose é uma micose sistêmica, de evolução aguda ou crônica, restrita a regiões secas do continente americano. O fungo ataca os pulmões, podendo se apresentar como infecção respiratória leve, Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) ou quadro semelhante à tuberculose.

“A sintomatologia inclui febre alta, dor torácica e tosse geralmente seca, acompanhada ou não de sintomas gerais e/ou manifestações de hipersensibilidade como artralgias, eritema nodoso e eritema multiforme. Disseminação para outros órgãos ou sistemas, como pele, sistema nervoso central e sistema osteoarticular podem ocorrer. As formas graves podem evoluir para óbito, quando não diagnosticadas e tratadas corretamente”, explica o MS em seu site.