Brasileiro viaja o mundo de patins e com carrinho de bebê: "Sou muito mais feliz"

O plano inicial era viajar apenas pela América do Sul; hoje, ele já passou também pela Europa, África e Ásia

O paulista Felipe Fogaça, de 28 anos, viaja o mundo sozinho desde os 23 anos com seus patins e sua bicicleta. Com muito planejamento, o jovem já passou por 19 países de diferentes continentes. 

Tudo começou em 2016, quando Felipe, nascido em Sorocaba, estava prestes a se formar no curso de Direito e começou a planejar sua viagem pelo mundo.

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A princípio, o meio que ele utilizaria seria a bicicleta, mas sempre com seu patins na bolsa para qualquer oportunidade de usufruí-los nas cidades que visitava.

 

Depois de graduado e de dois anos de planejamento financeiro, o jovem começou sua viagem de bicicleta pela América do Sul.

Felipe conta que a despedida de sua família foi “bem pesada”, pois era muito próximo de seu pai e sua mãe, que não aceitavam bem a decisão do rapaz.

Rumos diferentes

Apesar de todo o planejamento, durante a viagem, Felipe tomou rumos diferentes do que havia pensado: o plano inicial incluía um ano de viagem pela América do Sul.

No entanto, o rapaz pôde aumentar o tempo de estrada e os continentes que visitaria devido às oportunidades de trabalho que surgiram ao longo do caminho. 

Durante a viagem, Felipe trabalhou em hostels por diversas cidades por onde passou em troca de alimentação e estadia.

Apesar de ter partido de bicicleta, Felipe logo adotou o patins como meio de transporte. A transição aconteceu enquanto o jovem ainda estava na América do Sul, na Bolívia.

Em uma ocasião em que Felipe adoeceu e precisou pausar a viagem, ele decidiu trocar as duas rodas pelo calçado e despachou sua bicicleta para o Brasil. “Eu sou muito mais feliz viajando patins”, contou em entrevista ao O POVO.

No entanto, o patins trouxe dificuldade para o rapaz, que andava com um mochilão nas costas.

Por isso, quando chegou à Tailândia, Felipe comprou um carrinho de bebê - hoje apelidado de Amélia - para carregar sua bagagem, que, apesar de pouca, pesava 12kg.

Na Tailândia, o jovem começou a dar aulas de inglês, idioma que aperfeiçoou durante suas aventuras. Outros idiomas, como o espanhol, Felipe aprendeu somente após sair do Brasil.

“Hoje em dia sei um pouco de tailandês também”, garantiu.

Em relação a estadia, o rapaz conta que ama acampar e que, na maioria das vezes, é dessa forma que passa as noites.

Além da passagem pelos hostels e alguns hotéis, o jovem também se hospedou na casa de pessoas que ele conhecia durante a viagem e que lhe convidaram para passar a noite.

 

Amizade no Oriente Médio

Em abril deste ano, Felipe enfrentava um calor de mais de 43º C próximo ao deserto do Omã. Por esse motivo, precisou pausar suas viagens diariamente nos horários de pico de temperatura.

A país fica no Oriente Médio e a época do ano em que estava coincidia com o mês sagrado do Ramadã, quando a maioria dos muçulmanos pratica o seu jejum ritual; portanto, ele precisava de abrigo e de estoque de comida.

Nessas condições, o advogado começou a se hospedar em uma mesquita - como são chamados os templos mulçumanos - de um pequeno vilarejo.

Apesar da dificuldade de comunicação, por Felipe não saber falar árabe, um homem da região o hospedou em sua casa e lhe ofereceu uma cesta de tâmaras - fruta abundante da região.

O jovem conta que não lembra o nome do homem que o ajudou por não pertencer a um idioma que ele é familiarizado. No entanto, Felipe garante que foi uma das experiências marcantes de sua viagem.

Felipe Fogaça e o seu amigo que o abrigou em Omã
Felipe Fogaça e o seu amigo que o abrigou em Omã (Foto: Arquivo Pessoal/Felipe Fogaça)

Aprendizados

Felipe recomenda aos que buscam seguir o mesmo estilo de vida que ele: “Não siga tanto o conselho dos outros. Quando a gente tem muita informação, a gente tem pouca informação”.

A única recomendação que o jovem disse garantiu que é importante: “se proteja dos perrengues”, disse em relação a levar roupas para todo o tipo de temperatura que o viajante pode enfrentar.

Para ele, o mais importante para se aventurar em viagens pelo mundo é viver suas próprias experiências e não seguir os mesmos passos de outra pessoa que já a fez.

Planos para o futuro

Felipe, que já conheceu América, Europa, África e Ásia, conta que ainda deseja passar pela Oceania.

Ele não planeja encerrar suas viagens em um futuro próximo, pois "deseja aproveitar sua juventude" trabalhando e conhecendo lugares do mundo que ainda não visitou.

“No momento, meu projeto é viajar o mundo com a Amélia [o carrinho de bebê], mas eu amo muito o Brasil. Eu não me vejo morando fora do Brasil”, finaliza.

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