Anitta expõe sofrimento causado por endometriose; veja formas de tratamento

Ginecologista relata que os sintomas mais comuns da doença são dores durante a menstruação e na relação sexual

A cantora Anitta foi às redes sociais nesta sexta-feira, 8, para comunicar o diagnóstico de endometriose e as consequências da doença no dia a dia. “São nove anos de luta e sofrimento”, disse em uma publicação no Twitter.  Os sintomas mais comuns da doença são dores durante a menstruação e na relação sexual.

O diagnóstico de Anitta só veio após nove anos convivendo com a doença, através de uma ressonância magnética. A artista se queixou que as pessoas associavam os sintomas da endometriose com infecção urinária ou falta de higiene por parte da cantora. Os comentários começaram desde que Anitta relatou, em uma entrevista, sentir dores após relações sexuais.

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— Anitta (@Anitta) July 8, 2022

“Esses senhores me examinaram, e eu não estou sabendo? Para estar escrevendo um artigo com meu nome sobre o meu problema de saúde? Tavam querendo dizer que eu não tenho higiene? Logo eu a obcecada pelo cuidado com a minha larissinha (sinônimo para vagina).” “Precisamos falar sobre endometriose”, disse Anitta.

Como mencionado anteriormente, os sintomas mais comuns da doença são dor na menstruação e dor na relação sexual. O médico ginecologista Sidney Pearce explica que a endometriose é uma doença ginecológica em que o endométrio — tecido interno do útero — cresce fora do útero.

“Geralmente isso ocorre devido a uma menstruação retrógrada, em que o fluxo menstrual reflui pela cavidade uterina, pelas trompas, e cai dentro da pelve. Esse tecido endometrial acaba se implantando em alguns órgãos. Principalmente trompas, ovários, vagina, bexiga, apêndice e diafragma”, explica.

Ginecologista Sidney Pearce
Ginecologista Sidney Pearce (Foto: Arquivo Pessoal)

O médico também pontua que 10% das mulheres com a doença podem não apresentar os sintomas mencionados. “Então outro sintoma muito importante a ser considerado é a infertilidade. O que sabemos é que cerca 50% das pacientes inférteis possuem a doença. Pode haver também a presença de dor durante a urina; alterações intestinais no período menstrual, como dores para defecar, dor pélvica crônica, que pode durar mais de seis meses e que acomete apenas o abdômen."

O principal tratamento para a doença são medicamentos hormonais que bloqueiam a menstruação e o endométrio, como anticoncepcionais e progesteronas. Além disso, é importante que a paciente tenha um estilo de vida saudável, com atividades física, alimentação de qualidade e suplementações anti-inflamatória.

“No caso de pacientes que não apresentam melhora com o tratamento hormonal ou nas pacientes que não conseguem engravidar, o tratamento cirúrgico é o mais indicado. Por ser uma doença lenta, que acomete a mulher no período menstrual, em que ela passa alguns poucos dias com dor, é comum que elas demorem para ter esse diagnóstico. A literatura mostra que as mulheres podem demorar entre oito e 12 anos para ter o diagnóstico.”

Esse foi o caso da cantora Anitta, que demorou para obter o diagnóstico. Em Fortaleza, há locais que atendem pacientes portadores de endometriose de maneira gratuita, como a Maternidade Escola Assis Chateaubriand, o Hospital da Polícia Militar, o Hospital Geral de Fortaleza e o Hospital Geral Dr. César Cals.

Fórum debate endometriose e seus efeitos - Programação gratuita

Para discutir o assunto, o Núcleo de Endometriose e Cirurgia (NECi) realiza a primeira edição do Fórum de Inclusão para Pacientes com Endometriose (FiPe) no próximo dia 16 de julho, às 9 hotas, no BS Design, em Fortaleza. A iniciativa também marca o aniversário de um ano do NECi Para Todas, programa que facilita o tratamento da endometriose a pacientes que não têm acesso à assistência médica suplementar e as acompanha de maneira sistemática, por intermédio de um grupo de apoio, cujo principal objetivo é disseminar informações.

Gratuito, o FiPe se destina a pacientes com diagnóstico de endometriose e mulheres com idade reprodutiva que podem ser acometidas pela doença. A programação reúne as sociedades civil e médica em torno do impacto da patologia na vida social das pacientes. O evento tem formato híbrido e, para ter acesso a ele, é necessário realizar a inscrição online, no link (https://bit.ly/inscrevasenofipe). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até o dia 15 de julho.

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