Fotógrafo fica cara a cara com sucuri gigante durante mergulho no Mato Grosso do Sul

A filmagem foi feita em região de rio conhecida como "berçário" das sucuris gigantes; veja o vídeo

A vida do biólogo Daniel de Granville tem sido repleta de boas surpresas desde que começou a se dedicar à carreira de fotógrafo da natureza há mais de 20 anos. Uma dessas surpresas foi o encontro não planejado com uma sucuri gigante no fundo do rio Formoso, em Bonito, no Mato Grosso do Sul. 

O registro foi feito em 15 de junho durante uma de suas expedições e repercutiu nas web. O vídeo mostra a cobra nadando no fundo do rio de água cristalina e é possível notar a proximidade dos dois. A filmagem foi feita em um banhado do rio Formoso, conhecido pelos biólogos como “berçário” das sucuris gigantes.

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Em entrevista ao O POVO, Daniel, de 52 anos, conta que o de experiência na área fez com que se habituasse às serpentes, e que é sempre muito rígido quando se trata em respeitar o espaço do animal.

“Desde 2007 eu ofereço anualmente expedições específicas para fotografia subaquática de sucuris, na época certa do ano para encontrá-las (geralmente no inverno do Centro Oeste). Então, eu estou habituado a lidar com as sucuris, mas sempre respeitando os animais e seu espaço”, explica o fotógrafo.

Daniel também relata que, no processo de busca pelas sucuris, é muito comum se deparar com outros animais interessantes dentro da água, como jacarés, piranhas, arraias e até ariranhas.

Ele também já presenciou comportamentos especiais, como sucuris acasalando, onças caçando jacarés, outras serpentes predando aves ou répteis.

Assista ao encontro de Daniel com a sucuri gigante:

De biólogo a fotógrafo

Daniel é fotógrafo profissional de natureza e atualmente organiza expedições para fotógrafos profissionais ou entusiastas. Mas nem sempre foi assim. Natural de Ribeirão Preto, em São Paulo, Granville se formou como biólogo e tem especialização em jornalismo científico.

“A natureza entrou na minha vida bem antes da fotografia, então eu meio que percorri o caminho inverso daquelas pessoas que primeiro se interessam pela fotografia e só depois vão se encontrar em uma modalidade específica”, relembra.

Dividindo seu tempo entre as expedições e as aulas de fotografia, Daniel afirma que nunca enjoa de sua rotina. "Por mais que repita a programação dia após dia, sempre tem uma novidade, uma surpresa. Agora imagina o cliente estrangeiro compartilhando isto comigo”, conta o fotógrafo.

Além disso, o fotógrafo traz um ponto importante que o seu trabalho aborda: a desmistificação dos animais que aparecem em seus registros. Se antes estes bichos eram tão temidos por visitantes, hoje são motivo de orgulho e apreciação.

“Antigamente, boa parte dos fazendeiros queriam as sucuris bem longe de suas terras. Hoje, eles têm orgulho e nos avisam quando aparece sucuri na propriedade. Geralmente, nesses casos, a gente procura remunerar o proprietário, como uma forma de estímulo à conservação da natureza. É importante as pessoas entenderem que esses animais têm valor, e valem mais vivos e livres do que mortos ou em um cativeiro”, detalha Daniel. 

E finaliza: “Gostaria de ressaltar a importância de sempre respeitar as coisas da natureza. Ter uma postura ética ao se aproximar de um animal, por exemplo, evitando stress. Isto garante tanto a segurança do bicho como a sua própria. Nenhuma oportunidade fotográfica, por mais especial que seja, justifica ultrapassar esta linha”.

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