Primeiro caso da varíola do macaco foi identificado em brasileiro
Brasileiro de 26 é o primeiro paciente infectado pela doença e está em isolamento clínico na Alemanha. Veja quais os sintomas da doençaO primeiro caso de varíola do macaco foi confirmado na Alemanha nessa sexta-feira, 20, e o paciente infectado é um brasileiro. O teste foi realizado pelo InstMikroBioBw, o renomado Instituto de Microbiologia das Forças Armadas da República Federal da Alemanha. O homem, de 26 anos, esteve em Portugal, fez passagem pela Espanha e estava há uma semana em Munique, no Sul da Alemanha.
Além do último destino, o rapaz passou por outras duas cidades alemãs, Düsseldorf e Frankfurt. Apresentando erupções cutâneas, sintoma característico da doença, o brasileiro está em isolamento numa clínica de Munique.
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Ao O POVO, a presidente da Sociedade Cearense de Infectologia e doutora em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Lisandra Serra, explica que os sintomas iniciais da varíola dos macacos são febre, dor de cabeça, dor no corpo e/ou na região lombar, aumento dos gânglios e aparecimento de lesões vesicopapulares na pele, que inicia pela face e depois se prolonga pelo tronco e membros, além de haver acometimento de mucosas da orofaringe.
Mesmo sendo considerada uma doença rara, a doutora afirma que o quadro clínico das varíolas existentes é muito semelhante, “entretanto, na varíola de humanos, a pessoa costuma ficar em estado mais grave, com dores abdominais intensas, delírio, e tem uma mortalidade elevada”.
Outros países europeus vêm registrando infecções com os mesmos sintomas. Na quinta-feira, 19, a Espanha confirmou sete casos em Madri e está trabalhando na investigação de outros 22. A Itália também confirmou seu primeiro caso e mais 17 ocorrências suspeitas de se tratar da varíola do macaco estão sendo analisadas em Montreal, no Canadá.
Em comunicado oficial, o InstMikroBioBw ressalta que as autoridades sanitárias da Europa e da América do Norte vêm detectando um número crescente de casos da doença desde o início de março, o que aumenta a preocupação de que a doença, habitualmente presente apenas em algumas regiões da África, esteja se disseminando.
Histórico de contágio da varíola do macaco
A varíola do macaco foi registrada pela primeira vez em humanos no ano de 1970, na República Democrática do Congo. Alguns casos isolados surgiram em outros países africanos. Somente em 2003 a infecção pelo vírus foi identificada nos Estados e, em 2018, outras duas surgiram no Reino Unido e Israel.
Apesar de ser o maior e mais extenso surto da doença já visto na Europa, a varíola dos macacos não é de fácil transmissão, propagando-se por meio de contato direto com animais, humanos, roupas ou objetos que estejam infectados, pela mordida de animais que carregam o vírus ou por consumi-los, e por gotículas respiratórias, no entanto, para isso é necessário que o contato pessoal seja prolongado.
A Organização Mundial das Nações Unidas (OMS) considera o risco endêmico da varíola como extremamente baixo. A doença é uma zoonose, que passa de animais para humanos, e o patógeno causador da doença circula entre os roedores. Neste caso, os macacos são os hospedeiros de transporte do vírus, mas eles não o desenvolvem em seus corpos.