Advogado explica como se proteger de golpes financeiros aplicados pelo celular

Na era dos bancos digitais, são cada vez mais frequentes as ocorrências de fraudes por meio de dispositivos eletrônicos, principalmente o celular

07:51 | Abr. 19, 2022

Por: Luciano Cesário
Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Brasil, e um dos meios preferidos dos criminosos para aplicar golpes (foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

À medida que aumenta a adesão dos brasileiros aos serviços de pagamentos online, cresce também o número de golpes financeiros aplicados a usuários de bancos digitais. Para evitar cair nas armadilhas cada vez mais criativas dos cibercriminosos, a desconfiança é a maior aliada. Agindo com cautela, muito dificilmente alguém clicará em links desconhecidos ou fornecerá dados pessoais a fraudadores. É o que garante o advogado especialista em Direito Digital, Jonas Gomes de Matos.

"Caso receba alguma mensagem solicitando pagamento, se comunique diretamente com o banco por meio do aplicativo. Não há razão para o banco entrar em contato com você através do Whatsapp, por exemplo. O que tem que se fazer é desconfiar, sempre", pontuou Matos em entrevista ao jornalista Farias Júnior, da Rádio CBN CARIRI.

Segundo o advogado, os criminosos digitais costumam aplicar a maioria dos golpes através da instalação de códigos maliciosos em dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, ou por meio da chamada engenharia social, quando um golpista se passa por outra pessoa e utiliza técnicas de manipulação e convencimento para conseguir dados pessoais da vítima.

“Os criminosos fazem uma investigação social completa, coletam dados pessoais das vítimas, e com isso eles conseguem fazer com que a vítima se comporte de uma maneira a fornecer outras informações mais relevantes, inclusive senhas”, explicou o advogado. A prática, diz o especialista, se enquadra como crime de estelionato, que pode resultar em prisão de até oito anos.

Caso o golpe seja consumado, a principal recomendação é informar a situação à Polícia. Segundo o advogado, é possível que haja ressarcimento dos valores roubados, mas tudo vai depender do comportamento da vítima antes, durante e depois do golpe. "O que faz alguém não ter direito é quando antes [do golpe], ela não tratou com a instituição financeira pelos canais habituais e clicou em links desconhecidos ou respondeu mensagens de Whatsapp de números desconhecidos. Durante o golpe, quando ele fornece informações por conta própria. E depois, quando o usuário do serviço bancário demora a agir. Tem que avisar à Polícia imediatamente", recomenda.

Pix

 

Modalidade de pagamentos mais usada do Brasil, o Pix está na mira dos criminosos digitais desde que passou a ser utilizado, em novembro de 2020. Se por um lado ele trouxe facilidades para os usuários dos serviços bancários, por outro, se tornou meio de fraudes para golpistas.

Para quem for alvo dos criminosos, uma das opções é o bloqueio cautelar, negociação direta entre a vítima e a instituição financeira do criminoso. "Você vai entrar em contato com o banco do golpista, denuncia o golpe, e aquele banco vai abrir uma espécie de disputa, ele vai informar ao titular da conta que houve uma reclamação e dar um prazo defesa. No fim do processo, o banco pode chegar à conclusão de que há uma fraude e bloquear o Pix do recebedor", disse Matos.

Em 2021, segundo a Receita Federal, mais de 2,7 milhões de usuários do Pix foram bloqueados após suspeitas de tentativas de golpes. De acordo com o Banco Central, há, atualmente, mais de 400 milhões de chaves cadastradas.

Senhas

 

No combate aos golpes virtuais, a senha pode ser um mecanismo de defesa vital. Para isso, no entanto, precisa ser configurada no maior grau de dificuldade possível. O advogado ressalta que estudo recente feito por um grupo de hackers apontou que os códigos mais seguros são aqueles que possuem de dezoito caracteres acima. 

"Uma senha de seis números, sequenciais ou não, pode ser quebrada em dois segundos. A de oito caracteres, em 39 minutos. Já a senha de 18 caracteres, levaria 328 trilhões de anos para que o aplicativo conseguisse quebrar. Então não custa nada colocar uma senha mais longa e mais difícil", detalhou.

Também é importante evitar senhas que remetam a datas comemorativas, como dia do nascimento ou de casamento, além de nome de filhos, placas de carro e números de documentos.

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