Síndrome de Down: O que é, principais características e uma grande história de amor
Neste dia Internacional da Síndrome de Down entenda o que é e se encante com a história de Marquinhos e Yasmim que namoram há 5 anos e têm a deficiência da trissomia 21
14:35 | Mar. 19, 2022
No dia 21 de março comemora-se o Dia Internacional de Síndrome de Down. A data tem como principal objetivo conscientizar a população sobre a inclusão e promover a discussão de alternativas para aumentar a visibilidade social das pessoas com essa característica.
A Síndrome de Down, também chamada de trissomia do cromossomo, trata-se de uma alteração em um material cromossômico durante o período gestacional. Durante a divisão celular, o cromossomo do par 21 se triplica, ao invés de receber o cromossomo da mãe e do pai. Assim, como uma referência emblemática para lembrar as pessoas desta síndrome, o dia 21 de março é usado para homenageá-los, explica o psicólogo, psicanalista e analista institucional, Helder Pinheiro.
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A psicóloga clínica, especialista em neuropsicodiagnóstico, Viviane Barbosa, reitera: “Ao falarmos sobre Síndrome de Down é importante que tenhamos clareza que não estamos falando de uma doença, e por não ser uma doença nós não podemos percebê-la como tal. Na verdade, a Síndrome de Down é uma condição genética”. Continua: “No Brasil, a cada 700 nascidos, um terá a condição da trissomia do cromossomo 21, isso é um indicativo bastante relevante que faz com que ações e promoções de conhecimento sejam necessárias para que possamos também diminuir o preconceito sobre os sujeitos com Síndrome de Down".
Viviane fala ainda sobre as características das pessoas que têm a condição da trissomia: “É fundamental que a gente entenda que o desenvolvimento desse indivíduo traça um percurso extremamente singular. Não podemos determinar somente pela condição genética, pois existem fatores que podem favorecer essa condição, como a qualidade do investimento afetivo feito pelos familiares para manter um ambiente rico de possibilidades”. E acrescenta: “Se um sujeito nasce dentro de um contexto favorável que dê margem às suas potencialidades, respeitando a sua singularidade e seu ritmo, é fato que esse sujeito pode se desenvolver de uma forma extremamente favorável”.
O psicanalista Helder Pinheiro destaca que "as pessoas que nascem com Síndrome de Down podem, de uma maneira bem geral, nascer com dificuldades cardiológicas, digestivas e dificuldades na tireoide, que é uma questão hormonal. Dito isso, é importante destacar que os pais procurem um pediatra para fazer um check up e descarte quaisquer dificuldades neurofisiológicas que essa pessoa possa ter". Ele diz ainda que é preciso averiguar se "também é necessário um estímulo na parte muscular, pois eles nascem com uma frouxidão ligamentar, com dificuldade na questão da fala e na deglutição que devem ser estimulados na fonoaudiologia e na terapia ocupacional”.
Sobre o tratamento, além da medicina ter se desenvolvido bastante com o tempo, ainda há muito o que se pesquisar nessa seara. Helder Pinheiro explica: “Ela ainda não avançou o suficiente para que as pessoas compreendam que mais importante do que identificar as limitações que alguém tem é identificar as potencialidades desse alguém”. E complementa: “Não existe tratamento para a cura da Síndrome de Down, porque ela não é uma doença. Ela promove limitações, frente às limitações que serão de caso para caso, caberá aos pais ou cuidadores estimularem para que a pessoa possa se utilizar de suas potencialidades e se desenvolver como fazemos com qualquer criança. Quem precisa do tratamento são os pais, para lidar com o filho que tem, e não com o filho que gostaria de ter tido”.
O psicólogo fala ainda: “Se a criança tem uma limitação no ponto de vista cardiológico, ela deve ser encaminhada ao cardiologista, se ela tem uma limitação na parte locomotora, terá que ser acompanhada por um terapeuta ocupacional. No entanto, nada disso será próspero se a família não tiver disponibilidade interna de acolher a sua cria, de ajudar a se desenvolver como pessoa”, finaliza ele.
Viviane, especialista em neuropsicodiagnóstico, retoma: “O ideal é que a família enxergue essa pessoa como um sujeito de potencialidades, se essa família percebe esse sujeito dessa forma, é muito provável que essa pessoa se desenvolva da forma mais favorável possível”.
Dessa maneira, as pessoas com Down são capazes de viver normalmente dentro de uma rotina e viver relações interpessoais, como é o caso de Marcos Teles, 30 anos, e Maria Yasmim Rodrigues, 28 anos, ambos têm a deficiência da trissomia 21.
Marcos Teles, mais conhecido como Marquinhos, nos conta um pouco de sua história de amor, com sua amada, Yasmim. “Em 2017, recebi um convite para fazer umas fotos em um shopping em comemoração ao dia 21 de março, dia nacional da Síndrome de Down. Neste dia tive a oportunidade de fazer amizade com diversas pessoas com Síndrome de Down", relata. “Foi aí que conheci Yasmin, depois das fotos, fui a praça de alimentação e conheci seus familiares, ao sair do shopping já marcamos o próximo encontro, foi amor à primeira vista”, relembra.
Marquinhos conta que já namora com Yasmim há 5 anos e que em breve ficarão noivos: “Sempre nos encontramos em festas, aniversários, casamentos e entre outras comemorações. Nós gostamos muito de passear, fazer visitas a familiares e amigos”, descreve ele.
O rapaz conta ainda sobre os planos para o futuro com sua amada: “Em breve, pretendo arrumar um emprego. Quando casarmos, vamos viver com nossos pais, sendo 15 dias na casa de cada um, mas depois já queremos morar sozinhos em um apartamento perto deles”, finaliza.