Com medo, família de congolês Moïse Kabagambe pode optar por concessão de outro quiosque
Familiares do congolês assassinado na Barra da Tijuca temem pela segurança no local. Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes anunciou a concessão como reparação do Pode PúblicoA família do congolês Moïse Kabagambe poderá receber a concessão de outro quiosque no Rio de Janeiro, segundo a Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento. Em anúncio do prefeito Eduardo Paes, o município havia oferecido inicialmente a concessão do quiosque Tropicália, onde o jovem foi espancado e morto no último dia 24 de janeiro, na Barra da Tijuca, mas os familiares do rapaz de 24 anos temem por sua segurança no local.
Em entrevista à Rádio Nacional do Rio de Janeiro veiculada nessa sexta-feira, 11, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Assistência Judiciária da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Álvaro Quintão, disse que a mãe e os irmãos de Moïse não se sentem seguros em assumir o quiosque onde ocorreu o crime. O órgão tem acompanhado a família do jovem congolês e promoveu uma manifestação na última terça-feira, 8, para pressionar pela solução do caso e repudiar a brutalidade e o racismo envolvidos no homicídio.
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A família de Moïse já havia denunciado que sofreu intimidações por parte de policiais militares. Quintão explicou que a insegurança também se dá porque os ocupantes do quiosque teriam manifestado que não vão entregá-lo e pode haver mais envolvidos no crime ainda não identificados.
A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou, no início desta semana, que abriu uma investigação para apurar denúncias de intimidações à família de Moïse. A investigação está sendo conduzida pela 2ª Delegacia de Polícia Judiciária (DPJM).
Em nota, a Prefeitura do Rio disse que está em contato com a família do jovem congolês e discute a melhor solução para eles. "Não vemos impedimento para que assumam outro quiosque, se assim desejarem, podendo ser no Recreio, Parque Madureira ou até mesmo no Cais do Valongo", disse a prefeitura, que afirmou que os detalhes estão sendo discutidos em conjunto com a Orla Rio, concessionária que administra os quiosques.
Além da concessão à família de Moïse, a prefeitura havia anunciado no último fim de semana que o quiosque seria transformado em um memorial e ponto de transmissão da cultura de países africanos.
O espancamento de Moïse foi registrado pelas câmeras de segurança do quiosque. Nas imagens, é possível ver que o congolês foi derrubado no chão por um homem e, na sequência, recebeu vários golpes dos agressores, que continuaram batendo mesmo depois dele ter sido imobilizado e estar desacordado.
Três homens que participaram das agressões a Moïse foram presos temporariamente e tiveram suas prisões confirmadas em audiência de custódia. São eles Fábio Pirineus da Silva, o Belo; Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove, e Brendon Alexander Luz da Silva, o Tota.
Ao se reunir com a família do jovem na última quinta-feira, o promotor de Justiça responsável pelo caso, Alexandre Murilo Graça, disse que a apuração do crime não terminou com a prisão dos três homens que foram flagrados. De acordo com ele, eventuais crimes correlatos também serão esclarecidos.
“Não podemos antecipar o que será feito para não prejudicar a investigação. Mas todos os fatos relacionados ou correlatos ao homicídio serão investigados e esclarecidos. Estamos diante de um crime bárbaro, daremos uma resposta. O Ministério Público está trabalhando com toda a sua estrutura para levar essas pessoas a julgamento e para prestar auxílio às vítimas”, disse.
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