SP: policiais armados abordam cantor negro por estar em carro de luxo

Jean William, cantor lírico com carreira internacional, estava dentro do carro, com um amigo em balsa no trajeto Santos-Guarujá; policiais apontaram armas para os dois e gritaram com Jean

Jean William, cantor lírico brasileiro com carreira internacional, foi abordado de forma violenta por policiais em uma balsa nessa sexta-feira, 26, no litoral de São Paulo (SP). As informações são do portal Uol.

Segundo o relato, Jean, que mora em Santos (SP), e um amigo, decidiram passar o dia em uma praia em Guarujá, cidade vizinha, que fica em uma ilha. O trajeto entre os municípios pode ser feito por ponte ou balsa, sendo esta última a opção escolhida pelos dois.

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Devido ao calor de cerca de 40°C que fazia na cidade, os dois decidiram realizar o percurso sem sair do carro, com o ar condicionado ligado. Já próximo ao fim da travessia, Jean percebeu uma movimentação do lado de fora do veículo e, ao olhar, viu um policial apontando uma arma em sua direção.

Outros dois PMs acompanhavam o primeiro agente, e o trio obrigou Jean e o amigo a saírem do carro. Eles foram revistados, e os policiais os trataram com gritos e agressividade. Eles questionaram se o automóvel era mesmo do cantor, se ele tinha passagens pela polícia, e se havia drogas no veículo.

Sem encontrar nada que justificasse a abordagem, os policiais passaram a questionar se Jean teria feito "algo suspeito" para motivar uma suposta denúncia. Eles também interrogaram o cantor e o amigo sobre suas profissões.

Cantor denuncia racismo em abordagem; PM diz que não há registro da ocorrência

Ao Uol, Jean reclamou da truculência com que foi abordado. Ele afirmou não ver problemas com a realização de abordagens pela polícia, mas questionou se era necessário que o processo fosse feito de forma agressiva, ou que o deixassem sob a mira de armas.

Para o cantor, a maior suspeita era pelo fato de estar dirigindo um veículo caro: o Jeep Renegade que Jean possui custa R$ 97 mil na versão mais simples. "Isso é racismo estrutural", diz ele, e completa: "Eles poderiam fazer a abordagem, mas de uma forma mais humana, não sair apontando armas contra pessoas inocentes".

Em nota enviada ao site, a Polícia Militar de São Paulo disse não ter recebido registro formal sobre o caso de Jean. Segundo o órgão, uma denúncia pode ser realizada na Corregedoria.

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