H3N2: vacina da gripe deve chegar entre fevereiro e março de 2022, dizem especialistas

Principal produtor de imunobiológicos do Brasil produz, atualmente, uma atualização contra a cepa B. Imunizante contra a nova variante Darwin do vírus da influenza é trivalente; entenda

12:37 | Dez. 18, 2021

Por: Redação O POVO
Brasília - Frasco de vacina contra a gripe (Marcelo Camargo/Agência Brasil) (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A vacina contra a nova variante H3N2, do vírus influenza, deve estar pronta para aplicação na população geral no início de 2022. Informação foi divulgada pelo Instituto Butantan, atualmente o maior produtor de imunobiológicos do País e maior produtor de vacinas para a gripe do Hemisfério Sul. A variante, conhecida popularmente como Darwin, vem causando surtos em todo o território nacional - inclusive no Ceará, com 18 casos já detectados no Estado.

A declaração veio do diretor de produção do Instituto, Ricardo das Neves, durante entrevista ao portal G1. De acordo com Neves, a previsão de produção e de liberação dos lotes deve ocorrer entre a segunda quinzena de fevereiro e o início de março de 2022. Ele explica que a produção da H1N1 — outro tipo de Influenza — já foi concluída e, atualmente, o Butantan está "produzindo os bancos virais para começar o IFA - o Insumo Farmacêutico Ativo - da Darwin".

A partir daí, em janeiro, a produção do imunizante contra a variante Darwin deve ser iniciada. Os bancos virais são tidas como as "sementes" para as produções da IFA, matéria-prima para produção de qualquer tipo de vacina, como a da Covid-19.

Segundo ele, a composição da vacina da gripe é atualizada duas vezes por ano: entre fevereiro, com recomendações para os países do Hemisfério Norte; e em setembro, com recomendações para o Hemisfério Sul, região onde está localizada o Brasil. Todas as mudanças necessárias são apontadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A OMS junta os dados e avalia o que aconteceu no inverno do Hemisfério Sul. Geralmente, os casos de gripe aumentam entre final de abril e maio até julho e agosto. Esses dados da OMS vão embasar a composição da próxima recomendação, que ocorre em setembro", explica Ricardo ao portal.

Previsão do diretor de produções do instituto paulista é parecida com a de Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacincas (ABCVac). Em entrevista à Folha de S. Paulo, o pesquisador considera "muito improvável" que se consiga importar o imunizante ainda em 2021, por exemplo - pois as fábricas mundiais estão concentradas em produzir imunizantes para as cepas predominantes no hemisfério norte.

Segundo o presidente, há tentativas de antecipação da chegada do imunizante, como contatos com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mas, "pela própria capacidade de produção", a possibilidade das vacinas chegarem antes  considerado difícil. Ainda, para Barbosa, os inesperados surtos de gripe influenza A em São Paulo e em outros estados estão relacionados à baixa cobertura vacinal e ao turismo.

A título de exemplo, o Ceará teve sua pior campanha de vacinação contra a gripe desde 1999. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), foram recebidas 3.267.990 doses contra o vírus Influenza e apenas 2.631.962 (76,28%) foram administradas. É o menor índice em 23 anos. A vacinação infantil no Brasil também não atingiu nenhuma meta pela primeira vez em duas décadas.

Atualizada anualmente, a vacina contra a gripe protege contra três tipos do vírus Influenza: Influenza A (H1N1), Influenza H3N2 e Influenza B. Neste ano, a campanha nacional de imunização contra a gripe foi de 12 de abril a 9 de julho. Entretanto, a vacinação segue em postos de saúde pela Capital e também no Centro de Eventos durante este fim de semana.