Mulher finge querer ‘fazer o cabelo’ em ligação para denunciar violência doméstica
Polícia Militar de Araçatuba, em São Paulo, foi acionada por meio da ligação onde uma mulher fingia querer "fazer o cabelo" como forma de pedir ajuda para prender o companheiro que a ameaçava e agredia
20:24 | Dez. 10, 2021
Na manhã dessa quinta-feira, 9, uma mulher ligou para a Polícia Militar de Araçatuba, em São Paulo, por meio do número 190, fingindo querer "fazer o cabelo" para denunciar o companheiro por violência doméstica. Após a ligação, uma viatura foi enviada ao endereço informado pela vítima, que se encontrava com um hematoma no rosto, informando que estava sendo ameaçada de morte e agredida.
De acordo com a Polícia Militar, a mulher correu da casa assim que viu a viatura se aproximar. O suspeito foi abordado e confessou o crime de agressão contra a companheira, sendo preso em seguida. A vítima foi socorrida, encaminhada ao Pronto-Socorro Municipal e, depois, liberada. As informações são do portal G1 São Paulo.
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A ligação foi registrada na manhã dessa quinta-feira, 9, e o áudio divulgado pela Polícia Militar de Araçatuba. Confira a transcrição completa do áudio, onde alguns trechos da conversa foram censurados para preservar a vítima.
Atendente: Polícia Militar, emergência.
Vítima: Oi, é *trecho de áudio censurado*
Atendente: Pois não, senhora.
Vítima: *Trecho de áudio censurado*
Atendente: Não entendi, senhora. Como posso ajudar a senhora?
Vítima: Não, é o endereço.
Atendente: Ah, entendi. É o endereço da senhora.
Vítima: É que você me mandou para fazer o cabelo.
Atendente: Como é o nome da senhora?
Vítima: Não, é que você me mandou para passar o endereço para fazer o cabelo. É fundo. Tem um portãozinho.
Atendente: Que bairro que é, senhora? Como é que é o nome da senhora?
Vítima: *Trecho de áudio censurado*
Atendente: Que cidade que é?
Vítima: *Trecho de áudio censurado* É um salão de beleza.
Atendente: A senhora está precisando da Polícia Militar?
Vítima: Tá bom?
Atendente: Tá bom!
Vítima: Pode ser?
Atendente: Pode ser.
Vítima: Não. É que você me mandou o endereço para fazer o cabelo, e eu estou te passando.
Atendente: Endereço para fazer o cabelo? Tá bom, senhora.
Vítima: "Trecho de áudio censurado* É um portãozinho. Tem até a plaquinha.
Atendente: Tá bom, senhora. Disponha da Polícia Militar. Tenha um bom dia.
Vítima: Tá bom. Obrigada. Tchau, tchau.
Ação da polícia
De acordo com o G1 São Paulo, o cabo Jimmy Carlos da Silva foi o responsável por atender o telefonema. Ele atua como estagiário do Centro de Operações da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Copom). O cabo Cleber William Frare Beneguer acompanhava o estagiário no momento, quando percebeu que podia se tratar de um pedido de ajuda.
O cabo Jimmy explicou que a mulher estava assustada, mas que falava audivelmente. Também segundo ele, pela entonação da voz foi possível perceber que ela estava com medo de uma pessoa que poderia estar por perto, o que gerou desconfiança a respeito da situação. Por conta disso, o cabo Cleber orientou que Jimmy perguntasse se a mulher realmente sabia que tinha ligado para a Polícia Militar.
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A vítima, então, respondeu que sabia, passando o horário e o endereço. A partir disso, o cabo Cleber orientou o cabo Jimmy a registrar a ocorrência, já que podia se tratar de um possível pedido de socorro de uma pessoa que estava sendo coagida por alguém e não tinha condições de passar mais informações. A partir da ação dos policiais, uma viatura foi enviada ao endereço informado na ligação.
Como denunciar o agressor
Mulheres vítimas de violência doméstica podem denunciar o agressor acionando a polícia tanto pelo 190, da Polícia Militar, como pelo 180, número da Central de Atendimento à Mulher.
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