Búfalas de Brotas: entenda um dos maiores casos contra animais do Brasil
Abandono de mais de mil búfalas (na maioria prenhas) em uma fazenda de Brotas (SP) provocou mortes e deixou animais em estado de inanição; entenda o caso que teve repercussão nacionalUma situação desoladora tem recebido repercussão nacional desde o início de novembro, quando, após denúncias, a Polícia Ambiental de Brotas, cidade no interior de São Paulo, se dirigiu até a fazenda Água Sumida para averiguar uma ocorrência de maus-tratos a animais.
Chegando ao local, o cenário era macabro: mau-cheiro, carcaças enterradas e ao menos 1.000 búfalas abandonadas, das quais pelo menos 22 já estavam mortas e em decomposição, enquanto outras se encontravam com as costelas à mostra, em avançado estado de inanição.
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Investigações apontam que o proprietário da fazenda, o psicanalista Luiz Augusto Pinheiro de Souza, que vendia leite de búfala, deixou os animais à deriva de propósito para definharem no local. Sem comida e sem água, as búfalas, em sua maioria grávidas, estavam morrendo e sofrendo abortos espontâneos.
A situação de caos e calamidade tem sido tratada por ONGs como um dos maiores casos de maus-tratos a animais já registrados na história do Brasil. Entenda o caso das búfalas de Brotas por meio desta linha do tempo produzida pelo O POVO:
Linha do tempo do caso Búfalas de Brotas: entenda
- 6 de novembro
Após denúncia que relatava maus-tratos a animais, a Polícia Ambiental se dirigiu até a fazenda Água Sumida, onde foram encontradas, em situação de abandono, 667 búfalas-asiáticas, 332 bezerros e 22 animais mortos, além de carcaças enterradas.
De acordo com a Polícia, as búfalas haviam sido inseminadas artificialmente para a produção de leite, mas o proprietário da fazenda decidiu investir em plantação de soja nas suas terras e desistiu dos animais. Luiz Augusto Pinheiro de Souza teria alegado que a situação era fruto de problemas financeiros causados pela pandemia. Ele foi multado, inicialmente, em R$ 2,13 milhões.
- 10 de novembro
Com permissão da Justiça, ONGs, ativistas, veterinários e voluntários se reuniram na tentativa de oferecer ajuda para os animais abandonados.
- 11 de novembro
O dono da fazenda foi preso pela Polícia Civil, acusado de maus-tratos.
- 12 de novembro
Após pagar uma fiança de R$ 10 mil, Luiz Augusto foi liberado.
- 15 de novembro
Uma equipe de voluntários montou um hospital de campanha no local, se disponibilizando a cuidar dos animais.
- 18 de novembro
Após ação dos advogados de Luiz Augusto, uma ordem judicial partindo da juíza Marcela Machado Martiniano limitou o número de voluntários que poderiam acessar a fazenda.
- 20 de novembro
Com cartazes escrito “SOS Búfalas de Brotas”, protetores de animais e representantes de ONGs protestaram na praça Amador Simões contra decisão judicial que devolvia a tutela dos búfalos para o proprietário da fazenda.
- 21 de novembro
Acusados de maus-tratos por impedirem o acesso dos voluntários e não fornecerem água e comida aos animais, dois trabalhadores da fazenda foram presos em flagrante pela Polícia Civil.
Famosas como Xuxa Meneghel, Luísa Mell e Luana Piovani usaram suas redes sociais para protestar contra a determinação da Justiça de devolver a tutela dos búfalos ao antigo dono.
- 22 de novembro
Os funcionários que tinham sido presos passaram por audiência de custódia e foram liberados para responder em liberdade. A Justiça decidiu que a ONG Amor e Respeito Animal (ARA) passaria a ficar com a tutela provisória dos animais encontrados.
- 25 de novembro
Atraindo a presença de urubus, as carcaças dos búfalos mortos ainda estão expostas no terreno. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) permitiu que os animais fossem enterrados na propriedade, mas os voluntários precisam aguardar aval de órgãos de saúde.
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