Gestores ligados a Bolsonaro teriam solicitado exclusão de questões do Enem 2021
O Ministério da Educação nega qualquer tipo de interferência ou censura
10:32 | Nov. 17, 2021
Jair Bolsonaro tem utilizado diversas estratégias, entre elas a impressão de provas e a análise prévia de pessoas alheias ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), para inibir temas "sensíveis" nas questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A situação motivou o pedido de exoneração de 37 servidores do órgão na segunda-feira, 15, de acordo com o jornal Estado de São Paulo.
Recentemente, Jair Bolsonaro afirmou que o Enem 2021, com aplicação marcada para os dias 21 e 28, finalmente “teria a cara do governo”. Desde 2019, é um objetivo da gestão mudar o 'caráter ideológico' da prova. No entendimento de Bolsonaro, agora o Exame de fato terá um foco e “ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado”.
Leia Mais - Com crise e demissões, Enem ocorre com"cara do governo" Bolsonaro
Diferente de anos anteriores, conforme apurou o Estadão, houve uma impressão prévia da prova que possibilita o ingresso de jovens em universidades públicas. Segundo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, “não houve interferência” nas questões da prova a ser aplicada nos próximos fins de semana, no entanto, o pastor chegou a afirmar em entrevistas que teria acesso prévio às perguntas. Anderson Oliveira, diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, foi designado para examinar a primeira versão impressa. O gestor teria solicitado a exclusão de 24 questões após uma “leitura crítica” e a justificativa para a medida, de acordo com o parecer, é que os itens foram considerados “sensíveis”.
Leia Mais - Confira o que levar para as provas do Enem
Geralmente, as questões do Enem são elaboradas por professores previamente contratados. Como requisito das contratações dos docentes, o atual presidente do Inep, Danilo Dupas, explicitou a necessidade de que “a prova não poderia ter perguntas consideradas inadequadas pelo governo''. A medida foi considerada pelos servidores que pediram demissão como um assédio moral. Ainda de acordo com eles, o clima de pressão tem induzido os funcionários do Inep a autocensura, principalmente dos grupos que escolhem as questões.