Árbitros são afastados após acusações de assédio e preconceito; entenda

Os dois homens pontuavam as características físicas de um técnico e de jogadoras durante uma partida de handebol feminino. Suas falas foram registradas por uma transmissão ao vivo. Com a repercussão, eles foram afastados; entenda o caso

Dois árbitros que participavam do Campeonato Brasileiro Júnior de handebol feminino foram afastados pela Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) por causa de comentários pejorativos direcionados a um técnico e a jogadoras na última terça-feira, 14. A partida entre Fundesport/Araraquara e Centro Olímpico, em Sorocaba, interior de São Paulo, foi acompanhada por uma transmissão ao vivo de um canal no YouTube, que registrou as ofensas proferidas. A informação é do portal Globo Esporte.

Nas gravações, é possível ouvir comentários sobre o corpo das jogadoras, como “essa está gostosinha, que delícia” e “elas eram magrinhas, mas engordaram na pandemia”. Ainda, o técnico foi chamado de “seboso, cara de bêbado, mal vestido. Parecia uma moça jogando”. As pessoas mencionadas pela dupla defendem o time de Araraquara. O técnico Robison Santos registrou boletim de ocorrência na manhã desta segunda-feira, 20.

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No registro, ele afirma ter sido ofendido com comentários que configuram crime contra a honra, injúria racial e assédio moral. “As atletas estavam estudando e usando vídeos de um canal de handebol e acabaram ouvindo [os] comentários. Ouviram palavras que me ofendiam e elas diretamente. Se sentiram constrangidas, ficaram desequilibradas emocionalmente e me contaram. Prontamente repassei à Confederação Brasileira de Handebol e eles tomaram uma atitude”, explicou Robison.

Repercussão e investigação do caso de assédio e preconceito dos árbitros de handebol feminino

Os dois árbitros em questão foram removidos da competição e expulsos do hotel onde estavam hospedados com o restante da equipe, em Sorocaba, interior de São Paulo, após a repercussão do caso. Uma investigação será liderada pelo Comitê de Política para as Mulheres do Handebol, e o caso será relatado ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O nome dos dois homens envolvidos não foi divulgado pela CBHb.

“São comentários que para muitos podem ser simples, mas que para meninas de 15 a 19 anos incomodam. Dizer sobre a forma física delas e sobre a aparência física do técnico, que incomodou e mudou a vida dele. São atitudes que temos que tomar na hora para não deixar crescer no esporte. Não é só no handebol que acontece isso. Tivemos que tomar uma atitude rápida e drástica”, comentou Lucila Vianna, representante da CBHb no Campeonato Brasileiro Júnior de handebol, ao portal Globo Esporte.

Em nota vinculada à imprensa, a CBHb afirmou repudiar “qualquer ato de preconceito e/ou desrespeito, seja dentro ou fora de quadra. Não podemos concordar ou aceitar comportamentos que não condizem com o handebol brasileiro. Como desportistas, precisamos dar exemplo e contribuir para uma sociedade cada vez mais igual e justa”. O time Fundesport/Araraquara também divulgou nota destacando sua busca por respeito no esporte.

Confira na íntegra nota da CBHb sobre o caso no handebol feminino

A Confederação Brasileira de Handebol comunica que tomou conhecimento dos fatos envolvendo dois árbitros da CBHb durante a realização do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino, na cidade de Sorocaba, nesta semana. De forma preventiva, foram adotadas as seguintes providências.

- Afastou os envolvidos em definitivo da competição;
- Cautelarmente, afastou também do quadro de árbitros da CBHb;
- Determinou que a diretora do Comitê de Política para as Mulheres do Handebol, Lucila Vianna, destaque um representante do Comitê para acompanhar de perto todo o caso e emita um relatório final com análise de todo o processo e iniciativas que devem ser tomadas para evitar a repetição dos fatos.

Além disso, a Confederação comunicará o caso ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por meio da Procuradoria de Justiça Desportiva, para que ocorra a apuração e, se necessário, o julgamento do caso de forma justa, segundo o que rege o Código Brasileiro de Justiça Desportiva, sem prejuízos de outras possíveis providências judiciais que a entidade julgue cabíveis no decorrer da apuração dos fatos.

A Confederação repudia qualquer ato de preconceito e/ou desrespeito, seja dentro ou fora de quadra. Não podemos concordar ou aceitar comportamentos que não condizem com o handebol brasileiro. Como desportistas, precisamos dar exemplo e contribuir para uma sociedade cada vez mais igual e justa.

A CBHb se coloca à disposição de todos que estão participando do Campeonato Brasileiro Júnior Feminino para contribuir com o que for necessário.

Confira na íntegra nota do Fundesport/Araraquara sobre o caso no handebol feminino

Nossa equipe não tolera nenhum tipo de preconceito, violência moral, crime contra honra e atitudes machistas, ainda mais quando são cometidos dentro de quadra.

Nossa história sempre foi de luta e sempre buscamos a igualdade dentro do esporte, e infelizmente fomos alvos de comentários que vão contra os nossos princípios.

Informamos que não iremos ignorar esta situação e já estamos tomando todas as medidas cabíveis para que seja feita a justiça diante do ocorrido.

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