Incêndio atinge galpão com acervo da Cinemateca Brasileira em São Paulo
O local guarda materiais altamente inflamáveis, como rolos de filmes e outros documentos. Até o momento, não foram registradas vítimas
23:09 | Jul. 29, 2021
Um incêndio atingiu nesta quinta-feira, 29, o depósito da Cinemateca Brasileira, localizado na Zona Oeste de São Paulo. De acordo com o Corpo de Bombeiros, um chamado indicando o fogo na edificação foi registrado por volta das 18 horas. De acordo com informações preliminares, não há vítimas. O local já foi atingido por incêndio em 2016 e, em 2020, sofreu com uma inundação.
Confira momento em que chamas consomem o prédio:
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, os bombeiros informaram que seis viaturas foram enviadas ao local, na rua Othão, 290, na Vila Leopoldina. O galpão mede cerca de 6.356 m² e é usado para guardar parte do acervo da Cinemateca Brasileira. Entre os materiais, estavam rolos de filmes de 35 mm e 16 mm, altamente inflamáveis.
A edificação também abriga o acervo da Programadora Brasil, documentos e equipamentos museológicos. Com as inundações registradas no ano passado, parte do acervo já havia sido comprometido. A instituição ainda não revelou quais itens foram danificados.
Em seu perfil no Twitter, João Dória, o governador de São Paulo, declarou que o descaso com o prédio é um "desprezo pela memória" do País. "O incêndio na Cinemateca de São Paulo é um crime com a cultura do país. Desprezo pela arte e pela memória do Brasil dá nisso: a morte gradual da cultura nacional", escreveu.
O incêndio na Cinemateca de São Paulo é um crime com a cultura do país. Desprezo pela arte e pela memória do Brasil dá nisso: a morte gradual da cultura nacional.
— João Doria (@jdoriajr) July 29, 2021Em nota fornecida para o portal G1, a Secretaria Especial de Cultura, em Brasília, que administra a instituição federal, informou que "lamenta profundamente" o ocorrido. O órgão declarou, ainda, que "todo o sistema de climatização do espaço passou por manutenção há cerca de um mês". A secretária diz ter solicitado apoio à Polícia Federal para investigação das causas do incêndio.
Descaso
Ainda, segundo o portal G1, uma ação contra a União já tinha sido solicitada pelo Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) em julho de 2020. De acordo com o documento, o contrato para gestão da Cinemateca, firmado entre o governo federal e a Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp) teria terminado no dia 31 de dezembro de 2019. Desde então, não houve nova licitação.
A ação judicial destacava problemas como risco de incêndio, falta de vigilância, atrasos nas contas de água e luz, e atraso no pagamento de salários. Em maio deste ano, no entanto, o MPF-SP suspendeu a ação contra a União depois que o governo federal se comprometeu a mostrar as ações implementadas pela preservação do patrimônio no prazo de até 45 dias.