Adolescente trans assassinada no Ceará ilustra capa do Anuário Brasileiro de Segurança Pública

Keron Ravach morava na cidade de Camocim e foi espancada até a morte, atingida com pauladas e socos, no dia 5 de janeiro deste ano.

Responsável por trazer um amplo retrato da segurança pública nacional, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado na última quinta-feira, 15, tem como capa diversas imagens que retratam temas da segurança brasileira no último ano. Dentre as imagens do Anuário, uma foto da adolescente trans de 13 anos de idade, conhecida como Keron Ravach. O documento, porém, não traz dados cearenses sobre crimes contra população LGBTQI+ porque os dados não foram disponibilizados pela pasta de Segurança.

Keron morava na cidade de Camocim, 457 km de distância de Fortaleza, região Norte do Ceará. A estudante foi espancada até a morte, atingida com pauladas e socos. Amigos relatam que Keron era tímida, mas tinha o sonho de ser conhecida e se tornar uma digital influencer. Ela estava passando por um processo de transição de gênero. Um ano antes de morrer, ela já havia perdido a mãe.

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O Anuário se baseia em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais e outras fontes oficiais de segurança pública. O documento também trouxe registros de crimes contra população LGBTQI+ nos anos de 2019 e 2020, além da classificação do tipo de crime (lesão corporal dolosa, homicídio doloso e estupro).

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Não há registros de violências no Ceará, pois o documento afirma que as informações não estão disponíveis. Esses dados são apurados pelas Secretarias de Estado de Segurança Pública e/ou Defesa Social e Polícias Civis.

Dennis Pacheco, bacharel em Ciências e Humanidades, cita o caso da travesti Roberta da Silva, que teve o corpo queimado por um adolescente de 16 anos em Recife, no dia 24 de junho deste ano, falecendo no dia 9 de julho. O estado do Pernambuco ocupa a posição de Unidade Federativa com maior número de registros de homicídios de LGBTQI+ no País

“O brutal crime de ódio, que não é caso isolado, mas parte de um padrão de assassinatos de pessoas LGBTQI+ caracterizados por práticas de tortura e requintes de crueldade, sinaliza para a disposição aniquiladora dos que anseiam ser reconhecidos enquanto homens pelo recurso à violência letal”, afirma Pacheco.

Anuário Brasileiro de Segurança Pública
Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Foto: Reprodução/Anuário Brasileiro de Segurança Pública)

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