Curso feito por alunas do ensino médio ensina Ciências para meninas de todo o País

MC² - Meninas na Ciência leva o incentivo ao estudo de ciências e matemática para meninas da escola pública de todo o Brasil, de forma gratuita. Em 2020, cerca de 200 jovens foram impactadas pelo projeto

Acreditar no poder da educação para mudar realidades. Foi com esse pensamento que nasceu o curso MC² - Meninas na Ciência. A iniciativa voluntária e gratuita foi criada em 2020 por duas alunas do ensino médio de São Paulo. O curso oferece aulas de Ciências e Matemática para meninas do ensino fundamental II de escolas públicas de todo o território brasileiro. Em sua primeira edição, o MC² alcançou a marca de 200 alunas a concluírem curso, além de contar com 90 pessoas voluntárias. Agora, o projeto se prepara para uma nova etapa e as inscrições para as turmas de 2021 já estão abertas.

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O nome "MC²" remete a uma famosa fórmula de física. Além disso, é também uma sigla para Meninas na Ciência ao quadrado, já que o curso tem o objetivo de trazer cada vez mais meninas para essa área. A iniciativa foi idealizada pelas estudantes Luiza Brunelli Bührer e Mariana Faria Miyazaki, ambas com 17 anos.

As jovens, que atualmente são estudantes do terceiro ano do ensino médio, se sentiam incomodadas com a falta de representatividade feminina na área da Ciência. “Sempre tive o interesse em fazer algo que pudesse incentivar a maior participação destas no ramo”, conta Luiza Brunelli, que desde pequena já gostava de estudar ciências e matemática e pretende seguir carreira em engenharia biomédica.

Criadoras do "Meninas na Ciência", Luiza Brunelli Bührer (à direita) e Mariana Faria Miyazaki (à esquerda)
Criadoras do "Meninas na Ciência", Luiza Brunelli Bührer (à direita) e Mariana Faria Miyazaki (à esquerda) (Foto: MC²/Reprodução)

Ela ressalta que a atual situação da educação brasileira também influenciou na iniciativa. “Como o ensino público brasileiro apresenta grande defasagem, além de que com a pandemia muitas escolas ficaram sem aula, reuni esta demanda ao desejo de trazer mais meninas para a Ciência e Matemática, dando origem ao MC²”, conta a idealizadora.

A primeira edição do curso recebeu inscrições de mais de 2.600 jovens. Para ingressar no curso, as candidatas deveriam ser alunas da rede pública de ensino e estudar entre o 6° e 9° ano do ensino fundamental. Além disso, como o curso é online, era necessário que as jovens tivessem acesso à internet e disponibilidade nos sábados e domingos, dias em que eram ministradas as aulas. Após passar por processo de análise, cerca de 1.000 meninas foram confirmadas para as vagas.

Ao fim do período do curso, mais de 200 jovens, na faixa etária de 9 a 16 anos, tiveram presença suficiente para receber o certificado de conclusão, que exigia 80% de frequência. De acordo com Luiza Brunelli, a experiência em administrar o curso fez com que ela valorizasse ainda mais o trabalho dos profissionais da educação. “Eu fui aluna durante a minha vida inteira, então “trocar de papel” foi uma experiência muito interessante e enriquecedora. Foi um trabalho muito difícil manter as alunas interessadas, engajadas e fazer com que todas conseguissem acompanhar durante os meses de curso”, explica.

Luiza ainda ressalta que, além de transmitir conhecimentos acadêmicos, o curso também proporciona a criação de laços afetivos entre alunas e voluntários. “Inclusive, umas das partes preferidas delas foi justamente fazer amigas de todo o Brasil”, esclarece a idealizadora.

Jovens aprendizes

 

De acordo com o “Meninas na Ciência”, dentre as 200 alunas que completaram o curso em 2020, sete eram cearenses. Uma delas foi Tainá Cecília Sousa Nunes, de 14 anos. A jovem moradora de Fortaleza conta que conheceu o projeto por intermédio do coordenador de sua escola. Ela fez a inscrição para a primeira edição e foi uma das selecionadas. Com o curso, os finais de semana da jovem foram preenchidos pelos números e pelas fórmulas.

Tainá considera o curso uma forma de empoderamento
Tainá considera o curso uma forma de empoderamento (Foto: Arquivo pessoal/Reprodução)

Durante quatro meses, de junho a outubro de 2020, as alunas contaram com quatro horas semanais de aula. “Meu final de semana é pacato, eu não fazia nada. Então esse curso pegou meu tempo de forma boa e ainda me trouxe conhecimento de qualidade”, contou a aluna.

Tainá considera o MC² uma iniciativa significativa, tendo em vista o atual cenário da educação brasileira. “É tão bonito ver as pessoas se ajudando nesse momento tão difícil de pandemia”. Para a jovem, a experiência no curso foi bastante proveitosa. “A troca de energia, mesmo sendo online, pela tela do celular, foi tão boa. Os professores eram atenciosos. As amizades que eu formei lá ainda estão de pé! Eu super recomendo esse curso para as meninas pois, além de elas se empoderarem, para ter mais meninas nessas áreas (de ciências e matemática), elas ainda vão ter um ensino remoto de qualidade”, pontua.

Voluntários

 

Além de Luiza e Mariana, idealizadoras do “Meninas na Ciência", outras pessoas também foram responsáveis por levar o conhecimento para dezenas de garotas de todo o Brasil. Pelo Instagram, elas realizaram divulgação para vagas e receberam em torno de 150 inscrições. Após passar por processo seletivo, o projeto contou com 90 voluntários, com idades entre 15 a 44 anos, de mais de 15 estados, que se tornaram tutores e assistentes.

Maria Rebeca da Silva Marcos, de 20 anos, estava entre os selecionados. A jovem do município de Barbalha, a 544 km de Fortaleza, conheceu o curso por meio de uma ex-professora de Física do ensino médio, que a recomendou por ser estudante de Licenciatura em Matemática. Como ainda estava no 2° semestre da faculdade, ela atuou no MC² como professora auxiliar. “Eu trabalhava em dupla com o professor Augusto. Inclusive, eu aprendi muito com ele, pois o mesmo já tinha muita experiência! A gente ministrava aulas e resolvia questões, era incrível!”

A voluntária Maria Rebeca descobriu o projeto através de uma ex-professora
A voluntária Maria Rebeca descobriu o projeto através de uma ex-professora (Foto: Arquivo Pessoal/Reprodução)

Na visão de Maria Rebeca, a experiência de ser parte do projeto é impar. “Essa iniciativa de troca de conhecimentos é algo que é nosso, ninguém toma. A maior lição que eu levo desse projeto para minha vida, tanto acadêmica quanto pessoal, é que a educação nos torna fortes e unidas. O incentivo para meninas, na idade das descobertas, a adentrar no mundo da ciência, das exatas, e mostrar que são capazes e merecedoras desse conhecimento, é muito especial. Espero que esse projeto lindo cresça cada vez, pois todas as meninas, de todos os estados precisam conhecê-lo! Só gratidão!”, relata a estudante.

Segunda edição:

 

Em 2021, o MC² - Meninas na Ciência se prepara para uma nova edição. As inscrições para novas alunas já estão abertas e se estendem até o dia 10 de julho. Poderão realizar as inscrições meninas que frequentam o ensino fundamental II em escolas públicas. Serão 200 vagas disponíveis para 100 jovens entre o 6º e 7º ano e 100 vagas para o 8º e 9º ano. As candidatas devem apresentar comprovante escolar e, além disso, devem anexar o formulários de inscrição um vídeo respondendo à seguinte pergunta: "Como você acha que participar do Curso MC ² vai te ajudar no futuro?"

Ao fim do processo seletivo, as alunas devem se comprometer em comparecer pontualmente às aulas, participar ativamente das aulas e atividades propostas, preencher eventuais formulários de feedback e, principalmente, obedecer aos acordos da comunidade (ter respeito e não praticar bullying, por exemplo).

Quanto à parte acadêmica, as inscrições para voluntários já estão encerradas. No entanto, por conta da grande proporção que o projeto se tornou, mudanças tiveram que ser postas em prática. “Começamos o projeto sendo apenas duas na administração, estando encarregadas das redes sociais, produção de conteúdo, inscrições, e supervisão de 90 monitores voluntários e das 1000 alunas”, explica Luiza Brunelli Bührer.

Voluntários de 2021
Voluntários de 2021 (Foto: MC²/Reprodução)

Ao longo da primeira edição do curso vimos que era inviável abraçar todas essas funções e que, para alcançar um trabalho de melhor qualidade, teríamos que delegar funções dentro do projeto”, complementa. Este ano, de acordo com as fundadoras, a função dos voluntários irá além da área acadêmica. “Colocamos voluntários no administrativo, como um responsável pelo marketing, por exemplo. Todos também passaram pela seleção via um formulário como no ano anterior e, dessa vez, por uma segunda fase que contava com uma entrevista.

Serviço:

Confira como se inscrever no curso MC² - Meninas na Ciência

Leia o edital 2021

Formulário de inscrição

Para conferir mais informações sobre o curso, confira o site ou o Instagram do projeto.

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