Sikêra Jr. se desculpa por comentário LGBTfóbico: "Errei, erro e vou errar"

Ele se desculpou por comentários LGBTfóbicos declarados na última sexta-feira, 25. Na ocasião, Sikêra classificou as pessoas LGBTQIA+ como "raça desgraçada" ao analisar uma propaganda

Durante transmissão do “Alerta Nacional”, da RedeTV!, nesta terça-feira, 29, o apresentador Sikêra Júnior se desculpou por comentários LGBTfóbicos declarados por ele na última sexta-feira, 25. “Eu preciso reconhecer que me excedi, no calor do comentário, defendendo a inocência de crianças que eu sempre defendi. Posso ter usado palavras que me arrependo, sou humano. Errei, erro e vou errar”, disse ele.

Na ocasião, Sikêra classificou as pessoas LGBTQIA+ como “raça desgraçada” ao analisar uma propaganda da Burger King Brasil sobre a percepção de crianças quanto ao assunto. O apresentador afirmou que continua discordando do comercial: “Como pai e avô, não posso me calar quando vejo crianças sendo usadas como peças publicitárias para venderem ideologias. Eles precisam brincar, estudar e serem crianças”.

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Antes de se desculpar, ele afirmou que não o fez nessa segunda-feira, 28, devido à repercussão da morte do serial killer Lázaro Barbosa. “Se eu falasse ontem, pareceria uma cortina de fumaça. A gente fala no meio aqui, sai pela tangente, Lázaro toma conta e está tudo certo. Não, eu guardei para hoje”, explicou. Ele também desafiou os telespectadores a encontram “outro programa de televisão com tantos homossexuais trabalhando na frente e atrás das câmeras”.

“Eu tenho sofrido muito por conta desta situação. Ninguém está imune de errar. Eu tenho a responsabilidade de pedir desculpas publicamente. Vou seguir nesta batalha para defender as crianças e a família tradicional, mas sem desrespeitar quem pensa diferente de mim. Você que discorda também é muito bem-vindo aqui. Aqui não tem censura”, acrescentou. “A você que se sentiu ofendido, eu lhe peço perdão”, disse enquanto se abaixou em reverência. Assista:

— Luiz Ricardo (@excentricko) 29 de junho de 2021

Histórico

Por conta do comentário da última sexta-feira e outros, o movimento Sleeping Giants Brasil tem mobilizado as redes sociais cobrando empresas que apoiam o programa apresentado por Sikêra e questionando se elas compactuam com seu discurso. Retiraram patrocínios e pontuaram não concordar com os ataques feitos por Sikêra e a omissão da Rede TV! diante dos fatos recorrentes: Hapvida, TIM, MRV, Magazine Luiza, Kicaldo Alimentos e Novo Mundo. No programa desta terça, ele agradeceu às marcas que não encerraram parcerias comerciais com o programa.

Forte aliado do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), Sikêra compartilha de discurso reacionário diante de pautas sociais e de temas como igualdade de gênero e orientação sexual. Durante seu programa, ele já chegou a mencionar que não saberia o que fazer caso tivesse um filho membro da população LGBTQIA+, pois não poderia matá-lo. “Já pensou ter um filho viado e não poder matar”, afirmou o apresentador no começo deste ano.

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Com histórico de ataques, ofensas, discriminação e até mesmo ameaças, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação judicial contra o Sikêra e a emissora, solicitando uma multa de R$ 10 milhões por dano morais coletivos. A entidade pontua que as ações de ambos foram discriminatórias e preconceituosas e geraram danos para toda a população LGBTQIA+.

O termo “raça desgraçada” já foi usado por Sikêra para se referir às pessoas em questão no ano passado. Ele utilizou a imagem da modelo transexual Viviany Beleboni, que ficou famosa por representar Jesus Cristo crucificado na Parada do Orgulho LGBT, ao tratar de um crime cometido por um casal de mulheres lésbicas. Isto é um “lixo”, uma “bosta”, uma “raça desgraçada”, afirmou em seu comentário, que relacionava a homossexualidade ao crime e dizia que “os homossexuais estão arruinando a família brasileira”.

O Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou a decisão de primeira instância que havia condenado Sikêra a pagar R$ 30 mil de indenização para a modelo. Em sua decisão, o desembargador Rodolfo Pelizzari, relator do processo no TJ, afirmou que Sikêra não teve o intuito específico de difamar a modelo ou de prejudicar sua honra e a sua imagem. “A conduta do apresentador não é ilícita, sendo uma mera crítica por entender que sua religião havia sido ofendida por homossexuais, a quem entende serem avessos a Jesus”, disse.

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