Saiba como funcionam os golpes em meios eletrônicos e o que fazer para se proteger

Nos golpes, muitas vezes os criminosos manipulam o psicológica das vítimas, convencendo-as a repassar dados ou quantias em dinheiro. É necessário informar à Polícia casos de tentativa de fraude

08:30 | Jun. 03, 2021

Por: Lara Vieira
Os criminosos se aproveitam da fragilidade das vítimas (foto: JÚLIO CAESAR)

Com o avanço da tecnologia e, principalmente, diante do “novo normal” da pandemia, as pessoas estão mais reclusas em suas residências. Por conta disso, é cada vez mais comum a utilização de meios virtuais para pagamento de contas, transações bancárias e compras de serviços diversos. Os crimes de fraudes, no entanto, também se adaptaram ao ambiente online.

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De acordo com a Federação Brasileira de Bancos, atualmente, 70% das fraudes estão vinculadas à engenharia social, que consiste na manipulação psicológica do usuário para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões, ou faça transações em favor das quadrilhas.

Segundo Andrade Júnior, titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF) da Polícia Civil do Ceará (PCCE), a maioria dos golpes são aplicados através das redes sociais, como Instagram, Facebook e, principalmente, o WhatsApp. “No famoso golpe do Whatsapp, uma pessoa clona a rede social ou faz um perfil falso e através dos contatos realizados consegue tirar proveito de valores relacionados de parentes e de amigos mais próximos da vítima”, explica o delegado. Andrade Júnior foi entrevistado na Rádio O POVO/CBN, nessa quarta-feira, 2. 

Ainda, segundo o delegado, muitos golpes são sazonais, ou seja, quando grande parte da população toma conhecimento das táticas criminosas utilizadas, a forma de aplicar as fraudes é modificada. O famoso “golpe do presídio”, por exemplo, que se configura no contato por ligação do fraudador com a vítima se passando por um falso funcionário de uma instituição financeira, já não seria tão comum. Isso se deve, em grande parte, pelo trabalho da imprensa de difundir sobre os riscos e alertar a população.

No entanto, o modo de execução das fraudes mantém semelhanças. Aproveitando-se da fragilidade das vítimas, os crimes relacionados à pandemia da Covid-19 estão em alta. “Hoje está muito em voga o crime do ‘falso médico’. O criminoso entra em contato informando que, por conta do surgimento de uma nova variante, um exame específico deve ser realizado em caso de suspeita de coronavírus. Esses exames não seriam fornecidos por hospitais, mas que um laboratório ‘X’ fornece. Esses exames seriam, em média, R$ 1.400.”, esclarece Andrade Júnior.

Existem, também, crimes mais complexos e que requerem ainda mais atenção da população. Geralmente aplicados por quadrilhas bem articuladas, alguns golpes bancários são praticados quando criminosos têm acesso a ações bancárias realizadas, como empréstimos. Os criminosos entrariam em contato informando que as vítimas ainda mantêm dívidas, quando muitas vezes o déficit está quitado. Assim, com os dados repassados pelas vítimas no celular, o fraudador realizaria um novo empréstimo, apropriando-se do dinheiro e endividando o enganado.

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O delegado da DDF alerta a população para que não acredite em ofertas exageradamente vantajosas oferecidas por meios eletrônicos. Além disso, em caso de desconfiança de golpe, deve-se entrar em contato com os órgãos policiais, através do telefone 181 e, principalmente, registrar um Boletim de Ocorrência (B.O). Com os dados registrados, a Polícia pode tentar antecipar os passos dos estelionatários, evitando que mais pessoas sejam enganadas.

De acordo com a Lei 14.155/21, publicada no Diário Oficial da União na última sexta-feira, 28 de maio, a punição pela prática de crimes em meios eletrônicos pode chegar a oito anos de prisão, mais multas. As penalidades também podem ser agravadas se os crimes forem praticados com o uso de servidor mantido fora do Brasil, ou ainda se a vítima for uma pessoa idosa ou vulnerável.