Mensagens recuperadas reforçam que avó sabia de agressões sofridas por Henry
Polícia recuperou diálogo que a idosa teve com a filha e mãe do garoto, Monique Medeiros, uma das acusadas pela morte deleMensagens recuperadas pela Polícia Federal do Rio de Janeiro mostram que Rosângela Medeiros, 62, avó materna de Henry Borel, garoto de apenas quatro anos que foi morto no inicio deste mês, sabia das agressões cometidas contra a criança pelo padrasto dele, o médico e vereador Dr. Jairinho. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira, 14, pela revista Veja e reforçam afirmação que havia sido dada por babá de Henry em depoimento prestado ao órgão, no inicio desta semana.
Segundo reportagem, as mensagens foram recuperadas do celular da professora Monique Medeiros, 33, mãe do menino e filha da idosa. Em diálogo, realizado entre as duas por meio do WhatsApp no dia 23 de fevereiro, a educadora encaminha para Rosângela uma foto que mostra o menino dormindo em um colchão no chão do quarto que ela dividia com Dr. Jairinho, seu namorado.
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A imagem indica o medo que a criança tinha de dormir sozinha no apartamento em que a família morava, preferindo ficar próximo a mãe mesmo que ela estivesse também na companhia do vereador, cuja presença temia. Logo após receber a foto, Rosângela questionou: "Toda criança é desse jeito. Seu irmão foi assim. O problema é que pai tolera e aceita. E tio?", fazendo referência ao parlamentar.
"Quem ama, aceita e tolera também", foi a resposta dada por Monique. Em seguida, mãe e filha trocaram declarações de carinho. Naquele dia, fazia pouco mais de uma semana que Rosângela havia sido informada pela babá de Henry, Thayná de Oliveira Ferreira, que o menino havia saído mancando de um quarto em que ficou trancado com o médico.
Omissão em depoimento
De acordo com apurações anteriores realizadas pela Veja, em depoimento prestado à Polícia Civil, no dia 24 de março, Rosângela disse que o garoto parecia feliz vivendo no apartamento, para qual havia se mudado com a mãe e o padrasto no inicio deste ano. A idosa também alegou que não tinha conhecimento das agressões sofridas pelo neto e que nunca o havia encontrado machucado.
Além disso, Rosângela afirmou que conversou com a filha e com o genro logo após o crime mas que não entrou em detalhes pois "não quis saber de maiores detalhes para se poupar". No inicio desta semana, contudo, a babá do menino se apresentou à polícia e desmentiu informações dadas pela idosa, afirmando que havia levado Henry até a casa da avó e falado para ela que a criança estava machucada por conta das agressões cometidas pelo parlamentar.
O depoimento da cuidadora mostra que a idosa tinha conhecimento da violência que o neto sofria e aponta que outras pessoas também podem ter mentido quanto a esse fato. As mensagens resgatadas por agentes reforçam as informações dadas por babá, uma vez que a vó de Henry pareceu no diálogo ter conhecimento sobre as reclamações do garoto e saber como funcionava a rotina da família.
Entenda caso
Na madrugada do último dia 8 de março, Monique e o namorado, o vereador do Rio de Janeiro (RJ) Jairo Souza Santos Júnior, conhecido como Dr. Jairinho, chegaram em um hospital da região carregando o corpo do menino já sem vida. O casal relatou na ocasião que o garoto havia caído da cama, tendo sido encontrado sem respirar, "desacordado e com os olhos revirados".
Contudo, a necropsia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) apontou que, entre a noite de 7 de março e a madrugada do dia seguinte, quando foi levado ao hospital, o menino sofreu 23 lesões. A hipótese de queda da cama, afirmada pelo casal, foi descartada pelo documento, pois segundo ele os ferimentos “apresentavam características condizentes com aquelas produzidas mediante ação violenta (homicídio)”.
Em investigação realizada pela Polícia, foram encontradas mensagens trocadas por Jairo com a mãe de Henry, indicando que o parlamentar cometia as agressões e que a professora tinha conhecimento do que acontecia, se omitindo. As apurações revelaram que o vereador agredia o menino com chutes e golpes na cabeça, praticando pelo menos uma sessão de tortura contra o enteado em fevereiro.
Nesta quinta-feira, 8, o casal foi preso sob suspeita de ser responsável pela morte de Henry. De acordo com a Veja, policiais seguem com investigações e devem colher nos próximos dias o depoimento de uma empregada doméstica da família e da irmã do vereador.
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