25 anos do ET de Varginha, o incidente ufológico mais conhecido do Brasil

Há 25 anos, três meninas do município de 100 mil habitantes teriam avistado a criatura extraterrestre. Outros moradores descreveram eventos estranhos na região

À primeira olhadela no mapa, a cidade de Varginha, em Minas Gerais, não está entre os destaques como um polo regional, como Uberlândia, Juiz de Fora ou Uberaba, cidades maiores do interior mineiro. Ainda assim, Varginha é coordenada essencial no mapa dos ufólogos por todo o mundo.

Isto porque há 25 anos, no dia 20 de janeiro de 1996, três meninas do município de 100 mil habitantes teriam avistado uma criatura bípede, cabeçuda, com protuberâncias no crânio. Tinha cerca de 1,6 metros, veias saltadas nos ombros, era magra, de pele marrom e olhos vermelhos. Olhos vermelhos e tão grandes que, no momento que a criatura pousou o olhar sobre elas, não lhes ocorreu outra coisa senão gritar.

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Àquela altura, alguns moradores já vinham relatando estranhas aparições de objetos voadores não-identificados na região. A cidade reparava na movimentação de militares na área. Depois do ocorrido com as três meninas, vieram as câmeras e a curiosidade da imprensa nacional e até internacional. Afinal, o que afirmavam no lugarejo era que alienígenas haviam colocado os pés no Brasil.

Estátua de um ET em praça de Varginha. Há várias referências a criaturas extraterrestres pela cidade
Estátua de um ET em praça de Varginha. Há várias referências a criaturas extraterrestres pela cidade (Foto: Reprodução/Blog do Madeira)

Começou assim a história do ET de Varginha. No entanto, ela ainda não terminou, embora tenha sido encerrada nos tribunais. O caso virou símbolo da cidade. Por lá, é possível encontrar estátuas e símbolos de alienígenas e naves espaciais. Ainda agora, moradores contam sua versão da visita extraterrena. Para ufólogos, trata-se do mais exemplar caso de segredo do Estado brasileiro quanto a viajantes cósmicos.

Relembre o caso:

- 13 de janeiro

No início da manhã do dia 13 de janeiro de 1996, o empresário e piloto de ultra-leves Carlos de Souza relatou ter visto a queda de um objeto voador alongado, semelhante a um charuto. Segundo a testemunha, que estava na estrada àquela hora, a trajetória da queda dava nas proximidades da rodovia Fernão Dias, entre as cidades de Varginha e a vizinha Três Corações.

Curioso, o homem teria enveredado por uma estrada vicinal para averiguar e ajudar quem quer que houvesse se acidentado. No local, teria encontrado um destacamento da Polícia Militar, que o convidou a se retirar.

- 20 de janeiro: Madrugada

Uma semana após o avistamento, na madrugada do dia 20 de janeiro, o casal Oralina e Eurico de Freitas estavam no sítio do qual cuidavam, às margens da BR-491, quando irrompeu um barulho insólito. O gado entrou em correria desenfreada. “Eu saí na janela pra olhar. [O gado] estava correndo. Aí eu avistei o objeto passando. Era um objeto cinza e tinha fumaça, grande. Luz não tinha não. Sem barulho”, contou Oralina ao portal G1.

“Na hora em que ela me chamou, eu estava na sala vendo televisão. [O objeto] estava muito baixo e ia baixando cada vez mais. Era comprido, do tamanho de um ônibus, com uns negócios mexendo. Cobria tudo de fumaça, uma fumaça clara”, relembra seu Eurico.

De acordo com o casal, o objeto ia na direção da rodovia Fernão Dias, mesmo ponto apontado por Carlos de Souza.

- 20 de janeiro: Manhã

A Nave Espacial de Varginha, que também é uma caixa d'água, foi construída após a repercussão do caso que deixou o município nacionalmente famoso
A Nave Espacial de Varginha, que também é uma caixa d'água, foi construída após a repercussão do caso que deixou o município nacionalmente famoso (Foto: Reprodução/Google Street View)

Na manhã do dia 20 de janeiro, o telefone do Corpo de Bombeiros de Varginha foi ocupado por moradores assustados por um “animal estranho” rondando uma mata que dividia dois bairros na região. Crianças relataram aos profissionais que a criatura, acuada, “chorava alto e fino”.

Os moradores que testemunharam a operação dos bombeiros para averiguar o caso relataram alguns agentes com armas de fogo. Também avistaram, pela primeira vez, um caminhão da Escola de Sargento das Armas (ESA), unidade de ensino superior do Exército localizada em Três Corações.

Segundo as mesmas testemunhas, após algum tempo, os agentes saíram da mata com duas sacolas pretas. Nas duas, havia um peso. Em uma, imóvel. Na outra, algo parecia se mexer. Os sacos foram levados pelo caminhão da ESA.

- 20 de janeiro: Tarde

Por volta das 15h30, as irmãs Liliana Fátima da Silva e Valquíria Aparecida da Silva, junto à amiga Kátia Andrade Xavier, cortavam caminho por um terreno baldio, justamente na área em que havia sido relatada a presença de um “animal estranho” aos bombeiros. Andando por ali, as irmãs caminhavam tranquilamente até ouvir um grito da amiga, Kátia.

Quando os olhos correram para Kátia, as meninas se depararam com a criatura amarronzada, agachada e acuada contra um muro. “Eu tinha a impressão que era uma coisa assim muito mole, que dava a impressão que ia estourar, com a pele lisa e os olhos vermelhos, que olhou para nós. Foi coisa assim, rápida, de você bater o olho e falar, é assim e pronto. E é isso. Mas não tinha como ser humano, nem ser um animal”, descreveu Kátia à emissora EPTV Sul de Minas, em 2006.

 

 

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“Estava com as mãos no meio das pernas, braços bem finos, os olhos eram duas bolas vermelhas. Um homem ou um animal não era, de jeito nenhum”, relembrou Valquíria na entrevista, dez anos após o ocorrido. Após o avistamento, as três dispararam para longe dali. Em casa, as irmãs contaram para a mãe. “‘Mãe, eu vi o Capeta’”, disse Liliane.

A matriarca da família voltou ao terreno menos de meia hora após o encontro das meninas com o suposto ser intergalático. Não encontraram nada além de um cachorro de rua e um forte cheiro de amônio. Ao comentar o caso com um pedreiro que estava nas proximidades, o homem teria dito que os bombeiros estiveram naquele ponto há não muito tempo.

 

- 20 de janeiro: Noite

Ao fim daquela tarde, um temporal desabou sobre Varginha e pegou de surpresa dois agentes da inteligência da Polícia Militar. Eles estavam na região dos relatos do animal “estranho”.

No livro “Varginha, toda a verdade revelada”, o ufólogo Marco Antônio Petit, um dos poucos que ainda estuda a sério o caso, afirma que os dois policiais circulavam na região após o incidente da tarde quando, por volta das 20h30, uma criatura desconhecida cruzou a frente do carro. O veículo freou bruscamente e os dois desceram para averiguar.

Na sequência, um dos agentes teria conseguido capturar a criatura, que foi colocada no banco de trás. Primeiro, levaram-na para uma unidade de saúde da cidade, que não quis recebê-la. Depois, foi para o Hospital Regional de Varginha. Ali, uma ala teria sido interditada para atender ao semovente.

Desdobramento e encerramento

 

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Nos dias seguintes ao 20 de janeiro, vários moradores relataram movimentação estranha de comboios do Exército, Bombeiros e Polícia Militar entre os hospitais Regional e o Humanitas, de Varginha. Procuradas à época para comentar a estranha movimentação, as autoridades responsáveis pelas unidades hospitalares apresentaram argumentos que deram combustível às teorias dos ufólogos: desde o parto de uma mulher anã até a exumação de um cadáver (que teria precisado de vários legistas e inúmeros oficiais). Conforme a historiografia dos ufólogos, o corpo do alienígena teria sido levado para Universidade de Campinas, em São Paulo. A universidade nunca confirmou.

Ao longo da semana, a história do avistamento do extraterrestre pelas meninas correu a pequena cidade. No zoológico municipal, por outro lado, ela teria chegado primeiro. Isso porque segundo conta a bióloga Leila Cabral, que trabalhava na instituição à época, o Corpo de Bombeiros teria aparecido lá para entregar um “animal muito estranho” nas mãos da cientista. Como ela não estava, foram embora.

Nos meses seguintes à visita, enquanto o fenômeno continuava a repercutir na cidade, vários animais do zoológico começaram a morrer repentina e misteriosamente. “Eles começaram a morrer de um jeito muito estranho. Simplesmente morriam. Não tinha explicação plausível. Uns cinco animais morreram”, enumerou a bióloga ao G1.

O enredo, digno de Área 51, foi parar na imprensa. Foi manchete nos jornais da cidade e teve destaque, inclusive, no espaço nobre do jornalismo da TV Globo, o Fantástico. A história intergaláctica não ficou conhecida apenas dentro das fronteiras nacionais: até o Wall Street Journal, um dos mais influentes dos Estados Unidos, deu notícia do caso.

O Exército brasileiro determinou a abertura de um processo de investigação para averiguar o caso, um Inquérito Policial Militar (IPM). Ele está arquivado no Superior Tribunal Militar (STM). Possui cerca de 357 páginas e conclui que o caso, na verdade, trata-se uma confusão das três meninas.

O promotor do caso, Antônio Antero dos Santos, da Justiça Militar, afirmou acreditar que as sugestões de participação dos militares na captura e transporte de uma criatura extraterrestre são inverídicas. O suposto alienígena visto pelas três meninas seria, na verdade, um rapaz com distúrbios mentais conhecido na região como “Mudinho”. Ele tem o hábito de ficar agachado (assim como foi visto por elas) para recolher lixo pelo chão.

A movimentação de veículos militares foi justificada pela rotina de manutenção - com base na cidade vizinha de Três Corações, a ESA realiza manutenção periódica dos automóveis em Varginha. Por fim, o Exército também afirmou que não mantém em seus arquivos documentos que tratam “sobre assuntos de Ufologia”.

Real ou não, a Varginha adotou o ET como mascote e patrimônio turístico. Há estátuas de criaturinhas verdes ou marrons, cabeçudas e olhos grandes espalhadas por toda a cidade. Um dos monumentos mais fotografados do local, a Nave Espacial, é também uma caixa d’água. E ainda em 2019, foi inaugurado o Memorial do ET, com direito a simulacro de foguete na entrada, um complexo dedicado à história da primeira visita extraterrena em Varginha. A primeira que se tem notícia.

Memorial do ET em Varginha. Espaço foi inaugurado em 2019, após nove anos de obra
Memorial do ET em Varginha. Espaço foi inaugurado em 2019, após nove anos de obra (Foto: Reprodução/Blog do Madeira)

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