Verão no Brasil: quais as perspectivas climáticas para janeiro, fevereiro e março de 2021

O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou o prognóstico climático do verão no Brasil em 2021. Estação teve início em 21 de dezembro, com o solstício de verão

12:23 | Dez. 22, 2020

Por: Gabriela Feitosa

Temperaturas elevadas em todo o País, dias mais longos que as noites e mudanças rápidas nas condições de tempo anunciam a chegada do Verão. A estação climática começa em dezembro, quando ocorre o solstício de verão: momento em que um dos hemisférios está mais voltado para o sol. Dessa forma, ele fica mais iluminado. No Hemisfério Sul, a estação começou exatamente às 07h02min do dia 21 de dezembro de 2020 e vai terminar no dia 20 de março de 2021 às 06h02min, conforme dados do O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

A estação influencia diretamente nas condições de tempo, com mudanças rápidas que incluem chuva forte, queda de granizo, vento com intensidade variando de moderada à forte e descargas elétricas. Ainda conforme o Inmet, nesse período, as chuvas são frequentes em praticamente todo o País, com exceção do extremo sul do Rio Grande do Sul, nordeste de Roraima e leste do Nordeste, onde geralmente os totais de chuvas são inferiores a 400 milímetros.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas principalmente pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto que no norte das regiões Nordeste e Norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.

Em média, os maiores volumes de precipitação podem ser observados sobre as regiões Norte e Centro-Oeste, com totais na faixa entre 700 e 1100 mm. Devido às suas características climáticas, com grandes volumes de precipitação, o verão no Brasil tem singular importância para atividades econômicas como a agropecuária, a geração de energia, por meio das hidrelétricas, e para a reposição hídrica e manutenção dos reservatórios de abastecimento de água em níveis satisfatórios.

As informações são do mais recente prognóstico do Inmet, que aponta também as perspectivas climáticas para janeiro, fevereiro e março de 2021 em todas as regiões. Acompanhe:

> Região Norte

Para essa região, os modelos indicam que o período deve ter acumulado de chuvas acima da média na maior parte do seu território. Contudo, há possibilidade de localidades com chuvas abaixo da média, principalmente no sul dos estados do Amazonas, Pará e Tocantins.

> Região Centro-Oeste

A previsão para o verão indica alta probabilidade das chuvas ocorrerem de normal a ligeiramente acima em grande parte da Região Centro-Oeste, exceto no sul do Mato Grosso do Sul e localidades de Goiás, onde as chuvas serão mais próximas à média ou ligeiramente abaixo. As temperaturas serão dentro da faixa normal ou acima da média em praticamente toda a região.

> Região Sudeste

A previsão para os próximos três meses para a Região Sudeste é de chuvas variando de normal a ligeiramente acima da faixa normal em grande de São Paulo. Nos demais estados, as maiores probabilidades são de acumulados abaixo da média, porém, no Rio de Janeiro extremo sul de Minas Gerais, podem ocorrer chuvas dentro da faixa normal do período. A ocorrência de tempestades é normal durante o verão na Região Sudeste e não estão descartadas. De modo geral, o modelo climático do Inmet indica que as temperaturas devem ficar acima da média durante o verão na Região Sudeste.

> Região Sul

Com a previsão de persistência do fenômeno La Niña durante o verão, o modelo estatístico do Inmet indica a possibilidade de chuvas abaixo da média, no Rio Grande do Sul, oeste de Santa Catarina e sul do Paraná. Nas demais áreas, as chuvas devem variar dentro da faixa normal ou ligeiramente acima (Figura 3). As temperaturas devem ficar acima da média em praticamente toda a região.

> Região Nordeste

Na Região Nordeste, a previsão para o verão indica o predomínio de áreas com maior probabilidade de chuvas acima da média na faixa norte próxima ao litoral do Maranhão ao Rio Grande do Norte. Nas demais áreas, predomínio de desvio de chuva abaixo da média durante a estação. Nas áreas com chuvas abaixo da média, as temperaturas devem ficar mais elevadas.

Pré-estação chuvosa no Ceará

No Ceará, o início do verão faz parte do período conhecido como pré-estação chuvosa, segundo Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Conforme Meiry, essas precipitações não influenciam a estação chuvosa principal. "De modo geral, os sistemas meteorológicos atuantes são diferentes dos observados entre fevereiro a maio durante nossa quadra chuvosa".

Ainda de acordo com Meiry, as chuvas dessa pré-estação são decorrentes da influência de frentes frias e atuação de vórtices ciclônicos no estado. A previsão para os próximos dias é de ocorrência de chuva no Ceará, especialmente no Litoral e Serra.

O professor Alexandre Queiroz Pereira, do Laboratório de Planejamento Urbano e Regional do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta que como estamos próximos à linha do Equador, marco zero das latitudes, as mudanças em relação à duração dos dias não é tão forte, mas o Ceará mantém altas temperaturas nesse período, que já vem elevadas desde o fim da primavera. "Mas, a gente nunca pode deixar de considerar a posição litorânea de Fortaleza. Isso também tem interferência pois os ventos e brisas amenizam (a temperatura) e refrescam", completa Alexandre. Depois desse período de três meses (janeiro, fevereiro e março), há a migração para o Outono, onde o Ceará experimenta sua estação chuvosa.

O professor ainda destaca que é comum relacionar o verão ao seco e o inverno à chuva, mas no Ceará essas características se confundem. Aqui, o inverno começa em junho e o segundo período do ano, onde estamos agora, é caracterizado por baixo nível de chuvas. "O verão também coincide com as férias escolares, então esse período tem tudo a ver com diversão, lazer, zonas de praia e sol", complementa Queiroz.

Já em relação à paisagem, pode-se observar mudanças significativas nas vegetações. Na Caatinga, as folhas caem e o aspecto seco é predominante. Isso não significa que elas estão mortas, alerta Alexandre. "É na verdade estratégia de sobrevivência". Nas áreas serranas, como maciço de Baturité e Ibiapaba a vegetação acompanha o clima úmido. E no litoral a vegetação arbórea não sofre tantas diferenças. "O que muda muito nesse período são os rios intermitentes. Nesse período seco você olha e vê apenas o curso do rio, não tem água. Eles voltam (a encher) quando as chuvas retomam", explica o professor da UFC.

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