Porta dos Fundos lança novo especial de Natal "Teocracia em Vertigem"
O formato do filme foi escolhido pela impossibilidade de aglomerações nas filmagens e é inspirado em 'Democracia em vertigem', documentário indicado ao Oscar
13:57 | Dez. 10, 2020
Chegou nesta quinta-feira, 10, no Youtube, o novo especial de Natal do grupo humorístico Porta dos Fundos. "Teocracia em vertigem" tem filmagens e narração que fazem parecer com "Democracia em vertigem", documentário brasileiro que concorreu ao Oscar. O filme mistura os tempos bíblicos com a política brasileira.
A história de Jesus, na visão dos diretores e roteiristas da produção, é contada com depoimentos, colhidos na voz de Clarice Falcão. Entre os personagens entrevistados estão: Maria, sua mãe (Evelyn Castro), os apóstolos Pedro (Leandro Ramos), João (Fabio de Luca), Judas Tadeu (Raul Chequer), e Judas Iscariotes (Daniel Furlan). Produzido durante a pandemia, o especial precisou se adaptar ao isolamento social e à impossibilidade de aglomeração para as filmagens com uma ideia do roteirista Gabriel Esteves.
Esse é o primeiro do grupo de humor após a sede do Porta dos Fundos sofrer um ataque no fim de 2019. Um dos suspeitos foi preso na Rússia, extraditado, virou réu e teve a prisão preventiva decretada em setembro de 2020.
A divulgação do especial de Natal do ano passado chegou a ser suspensa pelo Tribunal de Justiça do Rio, mas foi liberada pelo Supremo Tribunal Federal, com votos de ministros argumentando pela defesa da liberdade de expressão.
Ao Estadão, um dos roteiristas e o interprete de Jesus no longa, Fábio Porchat, conta que passou o roteiro para pastores conhecidos, que acharam graça e não viram nenhuma heresia. “Acho Jesus um cara bacana para caramba. Acho inaceitável as pessoas que se beneficiam politicamente dessa leitura. É muito mais ofensivo abrir templos durante pandemia, dizer que não precisa tomar remédio, que depressão não existe, do que qualquer especial do Porta dos Fundos", disse.
Em entrevista ao G1, o roteirista e ator Fábio Porchat falou da inspiração no documentário e garantiu que as piadas bíblicas sempre vão existir. "As pessoas não conhecem a história da Bíblia, as pessoas não sabem quem é Barrabás, não sabem que é Pôncio Pilatos. Mas tem que ser também uma história que dê para entender", ressaltou sobre o roteiro.
Sobre o atentado do ano passado, ele destacou que o ataque partiu da intolerância. "O atentado só reforçou aquilo que a gente já imaginava: que o Brasil está se tornando um país intolerante, não disposto a dialogar, a não debater e apenas a bater. Um país que sempre foi muito alegre, feliz e que sempre teve na sua essência a troca com o diferente, passou a lidar muito mal com isso", afirmou ao G1.
O filme está disponível gratuitamente no Youtube. Clique aqui para assistir.