Outubro Rosa Pet: alta incidência de tumores exige de tutores alerta à prevenção

Realizar a castração em idades iniciais podem diminuir a incidência dos casos. É importante que o tutor faça exames nos animais

Quando se escuta falar de Outubro Rosa, poucos lembram que não só em humanos pode acontecer câncer de mama. Outros animais mamíferos podem ter a patologia. Em cachorras e gatas, a incidência é elevada e a doença , muitas vezes, se desenvolve silenciosamente. Por isso, os tutores precisam ficar alerta para realizar o exame do toque e procurar atendimento veterinário com o aparecimento de sinais da doença.

O risco de uma cadela desenvolver câncer de mama é maior que uma mulher. Em 2019, o câncer de mama foi a doença mais comum entre as mulheres, com cerca de 25% de novos casos todos os anos, segundo Instituto Nacional de Câncer (Inca). E em cadelas com propensão ao desenvolvimento de neoplasias, de todos os tumores possíveis, a probabilidade da ocorrência do câncer de mama fica entre 45% e 50%, de acordo com o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). Em gatas, o número cai, mas ainda é alto, gira em torno dos 20%.

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A doença, entretanto, não é atrelada a raça, gênero ou causa específica. Cachorros e gatos machos, em menor quantidade, também podem ser acometidos. O único ponto que pode ser considerado fator de risco é a idade: geralmente, os animais são mais idosos. Como explica o Márcio César Vasconcelos, médico veterinário e diretor da Vetclinic Oncologia. “Essas pacientes (cadelas e gatas) estão em idade idosa. 53% dos tumores diagnosticados em cadelas são malignos. Nas felinas, isso gira em torno de 80 ou 90%. Olha, como é alto. Independe de raça, o animal pode estar exposto ao desenvolvimento de um tumor. Pode ser de pequeno ou grande porte”, afirma ele.

Mesmo não tendo causas específicas, alguns fatores, além da idade, podem aumentar o risco de se desenvolver. Ter uma gravidez psicológica é um desses casos. O distúrbio hormonal causa sintomas de gravidez quando não há filhotes. Ela sente como se realmente estivesse grávida e, em alguns casos, pode até produzir leite. Medicamentos hormonais, como anticoncepcionais também podem aumentar a incidência do câncer.

Diagnóstico e tratamento

O veterinário explica que o principal sinal da doença é a presença de um nódulo, ou caroço, na mama do animal, que pode estar acompanhado de inchaço ou dor. Com um crescimento silencioso, o aparecimento de outras reações, geralmente, é associado a um quadro já mais grave da doença. Inchaço no corpo, desconforto abdominal, tosse e mudanças de comportamento, como, por exemplo, ficar mais quieto ou não querer comer, podem ser indicativos.

"Não existe um sintoma específico, além do tumor na mama. Ela clinicamente está super bem. Sistemicamente, se nós sairmos do patamar glândula mamária e pensarmos no paciente como um todo, vamos encontrar sintomas quando o paciente já tem metástases", conta. O pulmão e o sistema linfático, além da área abdominal, são as principais áreas para onde o câncer pode migrar. "Isso faz com muitos tutores demorem a tomar providências. 'Doutor, eu notei isso há um tempo, há um mês, há uns três meses, há um ano. Mas ela tá super bem, isso não está causando problema'", alerta o médico. Assim como em humanos, a rapidez no diagnóstico é determinante para ajudar na eficácia do tratamento.

Se os tutores podem fazer o autoexame, os animais precisam de ajuda nesse processo. O veterinário aconselha que os responsáveis tirem um momento tranquilo para acariciar acalmando e fazendo carinho, para verificar a existência de alterações. Caso, o animal apresente algum nódulo ou alteração, é aconselhado procurar o atendimento.

O diagnóstico é feito com exames, além da biópsia para saber o tipo de câncer. A partir daí, será feita uma avaliação, mas, geralmente, o principal método de tratamento é feito de forma cirúrgica, com a mastectomia. Além disso, pode ser preciso fazer terapias adjuvante, como quimioterapia.

O ponto chave, segundo Márcio César Vasconcelos, é a prevenção. E com ela vem a castração precoce. “ Em países desenvolvidos, onde há o controle populacional muito maior, onde animais são cadastrados mais precocemente, nós temos uma baixa na incidência de câncer de mama”, comenta. Segundo estudos científicos, como apresenta o veterinário, há uma diminuição em torno de 90% da ocorrência da patologia quando a castração é feita um pouco antes do primeiro ciclo ou entre o primeiro e o segundo ciclo de fertilidade. Isso porque o animal vai ter pouca influência hormonal em seu corpo.

Ele ressalta aos tutores que desejam que o animal tenha um ninhada que é preciso ter consciência e entender que o ciclo pode abrir margem para o desenvolvimento da doença. "Não ser cadastrada precocemente não quer dizer que ela, obrigatoriamente, vai ter câncer de mama. Assim como as que foram castradas precocemente não vão ter. O que os estudos mostram é que as cadelas não castradas tem mais predisposição", explica.

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