Levantamento aponta que "geração Covid" sofrerá impactos na renda e será mais desigual

Isso porque as classes A/B estudaram mais em 2020, enquanto estados com menor renda disponibilizaram menos meios de estudo e atividades aos alunos de escolas da rede pública

11:27 | Out. 21, 2020

Por: Redação O POVO
Escola deverá passar a ser serviço essencial na pandemia (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Escolas fechadas pela pandemia de Covid-19 e a maneira como alguns estados lidaram com o ensino à distancia já impactou e deve aprofundar ainda mais as desigualdades regionais no Brasil. As disparidades devem atingir também a renda futura dos que hoje são estudantes.

Isso porque as classes A/B estudaram mais em 2020, enquanto em estados com menor renda houve poucos meios de estudo e atividades aos alunos de escolas da rede pública. Segundo a análise feita pela Folha de S. Paulo, que avaliou dados organizados pela FGV Social com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19 de agosto, cada ano de ensino no Brasil aumenta em 15% o salário futuro e em 8% as chances de conseguir emprego. esses números foram mostrados pelo estudo da OCDE, um grupo de nações entre as mais ricas.

No Pará, 62,6% dos jovens entre 16 e 17 anos não receberam atividades das redes de ensino. No outro extremo, apenas 2,5% dos jovens em Santa Catarina ficaram sem estudar. O Ceará ficou na faixa onde até 10% dos alunos entre 6 a 15 anos e 16 e 17 anos não receberam as atividades. Segundo os dados mostrados, quanto mais baixa a classe social do aluno, menor foi a oferta de atividade, e assim, menos horas empenhadas nos estudos.

Em agosto, alunos da classe A/B, na faixa de 6 a 15 anos, dedicaram 3,2 horas aos estudos, e os estudantes entre 16 a 17 anos, 3,3 horas. Apenas 2,9% não tiveram oferta de atividades. Entretanto, a quantidade de tempo vai diminuindo de forma proporcional à renda. Alunos das classes C, entre 6 e 15 anos, estiveram envolvidos em atividades escolares por 2,4 horas, enquanto os de 16 a 17 anos dedicaram 2,3 horas. O número segue em queda chegando até 2 horas, para ambas as faixas etárias, para alunos da classe E. Nessa classe, em média, 21,1% não receberam atividades.

Em julho, os resultados foram bem parecidos com os de agosto, o que pode sugerir que os resultados dos outros meses também sigam a sequência. No País, existem cerca de 30 milhões de alunos, entre 6 e 15 anos. Deles, 81,7% receberam as atividades escolares. Na faixa mais velha, o percentual cai para 76,3%.