Pai percorre 28km de bicicleta de um estado a outro para buscar atividade escolares dos filhos

Com o salário atrasado há mais de três meses, a família tem vivido de doações e cestas básicas
Autor Julia Duarre
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Pelo amor aos filhos e pensando em futuro melhor, o roçador Edemilson Wielgosz, de 47 anos, percorre 28 quilômetros de bicicleta entre um estado e outro para buscar as atividades escolares dos três filhos. Por não terem computador, nem internet em casa, o pai pedala todas terças do Paraná até Santa Catarina.

A família vive em um sítio às margens da BR-376, em Guaratuba, no litoral do Paraná e o homem precisa ir até Garuva (SC), município vizinho. O trajeto de ida e volta soma 28 km. "Estou lutando para dar dignidade a eles. Falta muita coisa e o que temos é simples, mas nunca faltou carinho e empenho. Já passamos por muitas dificuldades, ainda dói, mas desistir não é uma opção. Nunca foi", conta o pai ao G1."O sonho deles [dos filhos] é o meu também, e vejo que eles são gratos pelo meu esforço. Vou quantas vezes precisar e até mais longe. Meu amor por eles me move", completou. As informações são do G1 Paraná.

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O roçador estudou até a 4ª série e espera para os filhos uma melhora de vida. Com ele moram Wellinton, de 16 anos; Amabili, de 14; e Nicole, de 12. A filha mais velha se casou e não está mais com eles. A família mora em uma casa de madeira perto da estrada e raramente consegue sinal de telefonia. O pai conta que a renda é pouca e não tem condições de comprar computadores para os filhos. "Eu mal tenho condições de colocar um prato cheio na mesa, quem dirá um computador e internet. É muito caro, eu não ia conseguir pagar nesse momento, então faço o que posso sem nem reclamar. Não é feio passar aperto, feio é não tentar mudar e fazer o melhor que pode", afirma ele.

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Para fazer o dever de casa, como Edemilson conta, os filhos se arriscam caminhando pela rodovia ou em algum estabelecimento até encontrarem algum sinal para o celular. Lá, fazem capturas de tela do celular com o conteúdo e voltam para terminar em casa.

A pandemia

 

O pai conta também que está com o salário atrasado há mais de três meses, por conta da pandemia. Ele trabalha há 18 anos em uma pousada, onde "faz de tudo": roçada, limpeza, serviço de jardinagem. "Eu ganho um 'salarinho' que não dá muita coisa. Só que agora faliu, eles não têm mais dinheiro para pagar a gente. Eu estou aguentando até encontrar outro serviço. Está bem complicado. Me preocupo", comentou. Segundo ele, os Wielgosz sobrevivem, agora, com ajuda de cestas básicas e doações.

Mesmo antes da pandemia, a família já enfrentava percalços. Há nove anos, o pai cria e educa os filhos sozinho. "A mãe deles foi embora do nada. Quando eles eram menores, eu sempre preparava a comida e lavava as roupas à noite, depois do trabalho. Agora com eles mais velhos, fica um pouco mais fácil administrar serviço e casa", lembrou ao G1.

Mesmo com as dificuldades o sonho é maior, assim como a esperança. Nos planos, o filho Wellinton quer ser caminhoneiro e as duas meninas, uma quer ser policial e a outra professora. "Dá um orgulho ver eles sonhando e acreditando em um futuro melhor, né. Se Deus quiser vai dar tudo certo", afirmou o pai.

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