Brasil desmatou mais de 1.600 km2 na Amazônia em julho

Em junho de 2020, o desmatamento da maior floresta tropical do planeta foi de 1.039 km2

O desmatamento na Amazônia foi de 1.654 km2 em julho, abaixo do recorde de 2.255 km2 em julho de 2019, de acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta-feira, 7, mas que mostram que a destruição continua em níveis alarmantes.

Em junho de 2020, o desmatamento da maior floresta tropical do planeta foi de 1.039 km2.

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Entre janeiro e 31 de julho, a área desmatada foi de 4.731 km2, pouco acima que os 4.701,78 km2 no período de janeiro a julho de 2019, de acordo com observações de satélite do sistema DETER do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

No período de agosto de 2019 a julho de 2020 (ano de referência no calendário do desmatamento), o desmatamento atingiu 9.125 km2, bem acima dos 6.844 km2 registrados entre agosto de 2018 e julho de 2019.

O vice-presidente Hamilton Mourão, que chefia o Conselho Nacional da Amazônia que este ano lançou uma operação contra o desmatamento ilegal em meio à forte pressão internacional, comemorou os dados de julho, afirmando que é uma "inversão da tendência" graças ao trabalho do governo.

No entanto, ambientalistas apontam que é muito cedo para afirmar que uma tendência de queda está começando e que, apesar de os dados de julho não atingirem o recorde de 2019, é uma área muito grande.

"Comemorar que não foi mais que 2.200? É importante entender que é bom que não sejam mais, mas 1.600 km2 é muita coisa. Pelo menos duas vezes mais do que a maior taxa do período 2016-2018", comentou à AFP Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

"A derrubada da floresta continua no mesmo padrão. E tem muito material combustível para queimar, as queimadas começam em junho, aceleram em agosto e tem pico em setembro", ressaltou a especialista.

A ONG Observatório do Clima alertou que os dados consolidados que serão divulgados em novembro (referentes ao período de agosto de 2019 a julho de 2020), estabelecidos com base no sistema PRODES (mais preciso que o DETER de alertas diários), podem indicar "cerca de 13.000 km2 de desmatamento, a taxa mais alta desde 2006 e três vezes mais que a meta da Política Nacional de Mudanças Climáticas para 2020".

"Também será a primeira vez na história que o desmatamento na Amazônia tem dois aumentos consecutivos na faixa de 30%", acrescentou o Observatório, que atribui a devastação à política do presidente Jair Bolsonaro, um defensor da abertura de áreas protegidas e áreas indígenas às atividades de mineração e agricultura.

"Não é inaptidão, é um projeto", afirmou a ONG.

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