Entenda o que é a dissecção de aorta, condição que causou a morte do cantor Renato Barros
O cantor e guitarrista Renato Barros morreu na terça-feira, aos 76 anos, após complicações de uma cirurgia cardíaca
Renato Barros, integrante da banda Renato e Seus Blue Caps, morreu na terça-feira, 28, por complicações de uma cirurgia cardíaca. No dia 17 de julho, o músico deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Clínicas em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, para ser submetido a uma operação de emergência. Ele foi diagnosticado com dissecção de aorta, e após a cirurgia, teve infecção pulmonar e não resistiu. Entenda a condição que causou a morte do cantor.
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A dissecção aórtica é uma urgência vascular, que ocorre após lesão na parede interna da artéria aorta e leva a uma ruptura que separa o trajeto do sangue em dois caminhos, chamados de luz falsa e luz verdadeira, segundo explica a angiologista e cirurgiã vascular, Juliana Alfaia. “É como se fosse um furo na parede do vaso. Nestes pontos, tem umas plaquinhas que ulceram, onde a parede fica mais frágil, e, quando sofre o efeito de uma pressão maior, você desenvolve uma falsa luz no trajeto do vaso, e o fluxo se desloca pelas duas luzes”, comenta.
Em uma analogia da médica, a luz verdadeira seria como uma espécie de cano, que enfraquece em certo ponto, cede e forma um trajeto alternativo - a luz falsa - pelo qual o líquido iria passar. Dessa forma, em vez de seguir o caminho correto, o fluxo sanguíneo passaria a se desviar também para esse outro sentido, causando um acúmulo de sangue, que aumenta o risco de entupir ou romper as artérias que levam o sangue para órgãos vitais.
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A aorta, segundo Juliana, é a maior artéria do organismo. “Dela saem muitos ramos para muitos órgãos vitais como o rim, o estômago, o baço, e as artérias que levam o sangue para o intestino”, exemplifica. “Então, quando você desenvolve uma luz falsa, é possível que esses ramos acabem saindo da luz falsa e fiquem com o suprimento de sangue prejudicado”, complementa a cirurgiã vascular. A consequência seriam repercussões, por vezes fatais, nesses órgãos.
Fatores de risco da dissecção aórtica
Homens acima de 60 anos correspondem ao perfil mais acometido pela dissecção de aorta. No entanto, as condições que cooperam para o desenvolvimento dessa condição estão sendo cada vez mais observadas em pacientes mais jovens, segundo a angiologista Juliana Alfaia. “Essas doenças que antigamente só acometiam idosos, estão aparecendo muito mais cedo. As pessoas estão fumando, se tornando hipertensas e diabéticas mais cedo. Então, o perfil está mudando”, salienta.
Os fatores de risco para a dissecção aórtica são principalmente as doenças plurimetabólicas, como diabetes, obesidade, hipertensão não controlada e colesterol alto. Além disso, o tabagismo e o alcoolismo também são hábitos que cooperam para esse risco. “O cigarro mais prevalentemente”, frisa Juliana. Ela acrescenta que a prevenção é a partir do controle dessas doenças de base. Além disso, é importante que seja feito check-up vascular anualmente para rastreio desses fatores de risco.
“Geralmente, a dissecção aórtica está ligada ao aneurisma de aorta. É muito comum encontrar as duas coisas. Então, a gente tem como fazer o rastreio através de check-up anual vascular”, complementa. Conforme a cirurgiã, o aneurisma de aorta tem os mesmos fatores de risco que a dissecção aórtica.
Quando há a fraqueza na parede do vaso, os pacientes desenvolvem o aneurisma. E se há uma ruptura em uma das camadas da artéria, a luz falsa pode ser formada, levando à dissecção. “O risco é maior para aqueles que têm aneurisma, do que para aquela pessoa que não tem nada - apenas os fatores de risco - ter uma dissecção; mas acontece”, finaliza.
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