Presidente da Fundação Palmares diz que movimento negro é "escória maldita"

Por meio de nota divulgada pela Fundação Palmares nesta terça-feira, 2, Camargo afirma que a gravação foi "ilegal" e diz que a gestão está sob uma nova ótica transparente e mais eficiente

Em áudio de uma reunião com servidores da Fundação Cultural Palmares, o presidente do órgão, Sérgio Camargo, afirmou que o movimento negro é uma "escória maldita". A gravação foi obtida pelo Estadão e data de 30 de abril, em um encontro onde Camargo falava sobre ter tido o seu celular corporativo furtado de seu escritório.

“Eu exonerei três diretores nossos [...]. Qualquer um deles pode ter feito isso. Quem poderia? Alguém que quer me prejudicar, invadir esse prédio para me espancar, invadir com a ajuda de gente daqui... O movimento negro, os vagabundos do movimento negro, essa escória maldita", diz Sérgio.

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Afirmações discriminatórias foram divulgadas em pleno movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), neste momento em ascensão nos Estados Unidos em protesto contra violência policial e racismo no País. O estopim para a explosão das manifestação foi a morte de um negro George Floyd, asfixiado após um policial branco pressionar seu joelho por quase 10 minutos contra o pescoço dele.

O Estadão apurou que na reunião com os dois servidores, um deles coordenador de gestão, Camargo ficou irritado ao ser questionado sobre o ressarcimento do telefone supostamente furtado. "Agora, eu vou pagar essa merda aí", continuou o presidente da Fundação.

Por meio de nota divulgada pela Fundação Palmares nesta terça-feira, 2, Camargo afirma que a gravação foi "ilegal". Segundo ele, a instituição "está sob um novo modelo de comando" mais eficiente e "voltado para a população e não apenas para determinados grupos que, ao se autointitularem representantes de toda a população negra".

Durante o encontro, Sérgio Camargo explicou que o roubo poderia estar relacionado à decisão judicial que o deixou afastado do cargo por três meses devido a opiniões polêmicas nas redes sociais. À época, ele fez afirmações racistas, defendeu a extinção do movimento negro e criticou a tipificação de racismo como crime.

Ele foi afastado do cargo no dia 4 de dezembro de 2019 pelo juiz federal substituto Emanuel José Matias Guerra. O magistrado afirmou que a nomeação de Sérgio como presidente colocava a instituição "em sério risco" e "contraria frontalmente os motivos determinantes para a criação (da fundação)".

Veja nota de Sérgio Camargo na Íntegra:

O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, lamenta a gravação ilegal de uma reunião interna e privada. Assim, reitera que a Fundação, em sintonia com o Governo Federal, está sob um novo modelo de comando, este mais eficiente, transparente, voltado para a população e não apenas para determinados grupos que, ao se autointitularem representantes de toda a população negra, histórica e deliberadamente se beneficiaram do dinheiro público.

“Infelizmente, ainda existem, na gestão pública, pessoas que não assimilaram esta mudança e tentam desconstruir o trabalho sério que está sendo desenvolvido. Seguimos firmes em prol do Brasil e dos brasileiros!” (Sérgio Camargo)

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