Alunos pobres ainda sofrem com educação de baixa qualidade e frequentam menos a escola

Relatório da organização Todos pela Educação pontua a desigualdade social entre estudantes brasileiros, principalmente no ensino médio

12:38 | Mar. 09, 2020

Por: Catalina Leite
Todas as atividades escolares de 2020 da rede municipal seguem de forma remota, o que deve continuar em 2021 até segunda ordem de autoridades sanitárias (foto: Mauri Melo )

A creche e o ensino médio são os anos escolares que mais evidenciam a desigualdade social no acesso à educação brasileira. Com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o relatório da Todos pela Educação analisou a taxa de atendimento escolar entre os 25% mais ricos e mais pobres do Brasil.

Pelos dados, apenas 29% das crianças pobres de até 3 anos frequentam creche. Entre as de famílias ricas, a taxa aumenta para 51%. Nas faixas etárias de 4 e 5 anos e de 6 a 14, a desigualdade social é de cinco e um ponto percentual, respectivamente. Entretanto, o ensino médio evidencia novamente a evasão escolar de jovens pobres de 15 a 17 anos: apenas 89% estão matriculados, contra 98% entre os mais ricos.

Da mesma maneira, a aprendizagem adequada também é afetada pela falta de equidade e inclusão no ensino básico. De acordo com o documento, a aprendizagem em Língua Portuguesa nas escolas com alto nível socioeconômico supera 80% no quinto e nono ano do ensino fundamental e terceiro ano do médio. Já para as escolas de baixo nível socioeconômico, as taxas mal alcançam 30%. No nono ano e terceiro do médio, a aprendizagem adequada é só de 17%.

O cenário fica mais crítico quando o assunto é Matemática. Alunos do terceiro ano do ensino médio de escolas pobres têm índice de 3% de aprendizagem, contra 64% das escolas mais ricas. O quinto ano do fundamental (26% contra 90%) e nono ano do fundamental (8% contra 71%) também apresentam o mesmo panorama.

 

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Para o Todos pela Educação, apenas políticas “formuladas e implementadas de acordo com as evidências e experiências de sucesso” podem reverter a perspectiva de desigualdade social entre os estudantes brasileiros. Para a organização, apesar da conquista de universalizar o acesso escolar, o poder público ainda deve investir para a progressão de qualidade da trajetória escolar dos estudantes.