Primeira mulher a ocupar cargo de coordenadora na Força Nacional é cearense; conheça perfil de Keydna

Tenente-coronel Keydna afirma que 20% da Força Nacional é composta por mulheres e que público feminino não ocupa "lugar de homens", mas "seu próprio espaço"

14:45 | Mar. 07, 2020

Por: Jéssika Sisnando
A oficial é a primeira mulher a ocupar o cargo de coordenadora-geral de Administração da Força Nacional (foto: divulgação/arquivo pessoal )

Coordenadora-geral de Administração da Força Nacional (FN), Keydna Alves Lima Carneiro tem 43 anos, destes, 26 dedicados a carreira de policial militar (PM). Cearense, natural de Fortaleza, a tenente-coronel é a primeira oficial no Brasil a ocupar este cargo. Os que a antecederam foram todos homens.

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, O POVO entrevistou a oficial sobre a representação feminina da Força Nacional e os desafios que as mulheres militares enfrentam longe dos seus respectivos estados e das famílias. Keydna vê o dia 8 de março como um dia de representação das vitórias femininas.


"É um dia de lembrança de uma luta e uma luta vencida pela força da mulher e a representação mundial. Como sobre a questão do Dia da Mulher para profissional de Polícia Militar, vejo como hoje, na idade contemporânea, a gente podendo viver a entrada em terrenos antes tão masculinizados, em castas tão fechadas, a mulher ocupa seu lugar em qualquer lugar", relata.

A oficial lembra cearenses como a Jovita Feitosa, que fingiu ser um homem, cortou o cabelo e foi para a guerra contra o Paraguai. "Hoje, constitucionalmente, legalmente, a gente pode, a gente foi imersa nesse território. E isso foi importante nas nossas vidas. A mulher está nas forças policiais, não para tirar o lugar do homem, mas para ocupar uma lacuna que é o seu próprio espaço', ressaltou.

A Força Nacional, por questão de segurança, não divulga o seu total efetivo, no entanto, a oficial afirma que pelo menos 20% do efetivo é feito de mulheres. A FN é uma tropa formada por homens e mulheres de todo o Brasil. As 27 unidades federativas passam por processo de seleção, arregimentando a tropa, que pode ser empregada em qualquer território brasileiro. No ano passado foi inaugurada a primeira missão estrangeira na África.

Atualmente, a FN se encontra em 52 operações no Brasil. É formada por policiais militares, bombeiros militares, policiais civis e profissionais de perícia. Nesse momento é dirigida pelo coronel Aginaldo, o primeiro nordestino a assumir a direção da Força Nacional.

Em relação aos desafios, a tenente-coronel relata que são similares aos que vivenciou no Ceará. A oficial conta que cada ocorrência é única. "A grande honra de trabalhar na Força Nacional é extrapolar as fronteiras estaduais. Geralmente quando passa em um concurso passa para atuar naquela área interna e somos profissionais servidores públicos do nosso estado, particularmente a minha a do estado do Ceará. Todas essas mulheres na Força Nacional atuam extrapolando as suas fronteiras de servidoras públicas estaduais para operar em qualquer parte do Brasil e também nas operações estrangeiras, como foi o caso de Moçambique", explica.

As mudanças, para a oficial, se estenderam para a família. Ela é casada com Wagner, um cirurgião-dentista, e é mãe de Benjamim, de oito anos. "Meu marido vive em ponte aérea e meu filhote mora comigo em Brasília. A Força Nacional, para as mulheres que operam, vivem todas as dificuldades da ausência, de estar longe de casa, são situações extremamente resilientes e de superação. Todos são voluntários, pois passaram por processo seletivos para trabalhar a disposição da União pela Força Nacional", explica.

Os agentes de segurança da FN são subordinados ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio do ministro Sérgio Moro, ao secretário nacional de Segurança Pública, general Guilherme Teophilo, além do coronel Aginaldo, diretor da Força Nacional.