Conhecido como "antropólogo dos ruralistas", Edward Luz é preso por invadir terras indígenas
Expulso da Associação Brasileira de Antropólogos em 2013, Edward Luz afirmou em vídeo estar cumprindo ordens do ministro do Meio Ambiente, com quem teria se encontrado na terça-feira, 11
10:45 | Fev. 17, 2020
Edward Luz, conhecido como "antropólogo dos ruralistas", foi preso por agente do Ibama neste domingo, 16, por invadir a terra indígena Ituna-Itatá, no Pará. Em vídeo publicado pelo Observatório do Clima no Twitter, o "antropólogo" afirma ter se encontrado com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na terça feira, 11, às 14h26min, e estar cumprindo ordens de Salles de que "nenhum patrimônio de população em situação de fragilidade será destruído".
No vídeo, o agente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pede que o antropólogo se retire das terras indígenas. Edward se recusa e questiona a autoridade do agente. "Se o senhor não se retirar da terra indígena agora, o senhor será conduzido por invasão à terra indígena", alerta novamente o agente. Após mais uma recusa, Edward é preso em flagrante delito.
O ministro Ricardo Salles negou ter enviado o antropólogo para a terra indígena. "Eu sequer o conhecia, só vi aquela vez [reunião do dia 11]", diz Salles à Folha de S. Paulo. A terra indígena de Ituna-Itatá faz parte da Amazônia Legal e é habitada pela tribo indígena Isolados do Igarapé Ipiaçava. Ituna-Itatá é a terra indígena mais desmatada do País, com mais de mil hectares desvatados somente em janeiro de 2020.
Quem é Edward Luz
Edward foi expulso da Associação Brasileira de Antropólogos (ABA) em 2013, por não corroborar com as afirmações “equivocadas e reducionistas, inteiramente desprovidas de rigor e embasamento científico” do antropólogo. O antropólogo afirma ser a favor da demarcação de terras indígenas para indígenas, desde que não afete setores produtivos nacionais e interesses econômicos nacionais.
Ele é filho do pastor Edward Gomes da Luz, que afirmou que o indígena "ou vai ajoelhar voluntariamente, adorando [ao deus cristão] , ou vai ajoelhar obrigatoriamente, temendo [ao deus cristão]”, em 2011 em entrevista ao The Intercept Brasil.