Número de brasileiros endividados cai no primeiro mês do ano

A queda considera a comparação entre os meses de dezembro de 2019 e janeiro de 2020. Se forem comparados apenas os meses de janeiro dos dois anos é possível identificar aumento

16:19 | Fev. 06, 2020

Por: Luana Façanha/ Especial para O POVO

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) concluiu que houve uma diminuição de 0,3% entre dezembro de 2019 e janeiro deste ano no total de famílias com algum tipo de endividamento. São consideradas contas atrasadas, inadimplência e famílias que declararam não ter recursos para quitar dívidas.

Após ter alcançado uma porcentagem histórica (65,6%) em dezembro de 2019, o número de famílias brasileiras com dívidas caiu para 65,3% em janeiro. Considerando os meses de janeiro de 2019 e 2020, porém, houve uma alta de 5,2%. 

O total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou uma queda pelo terceiro mês consecutivo, passando de 24,5% para 23,8%. Mas em relação a janeiro do ano passado, apresentou aumento de 1,8%.

A renda entre as famílias apresentaram uma grande diferença: na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso passou de 27,7% em dezembro para 26,9% em janeiro de 2020. Em janeiro de 2019, 25,5% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atraso.

Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes aumentou na comparação mensal, em 10,8% em janeiro de 2020, porém acima dos 11,2% de janeiro de 2019.

O percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes, teve uma queda de 10% para 9,6% nos últimos meses, mas também apresenta alta em relação à janeiro do ano passado, quando exibiu porcentagem de 9,1%.

José Roberto Tadros, presidente da CNC, afirmou que apesar do endividamento ter um crescimento em relação a janeiro do ano passado, isso indicava que as dívidas estavam sendo compatíveis com a renda das famílias. “As melhores condições do crédito têm permitido a ampliação desse mercado ao consumidor, que vem tendo mais segurança para comprar por conta da melhora recente do mercado de trabalho, confirmada pelos últimos indicadores econômicos”, declara José.

A parcela média da renda comprometida com o pagamento de dívidas foi outro indicador que apresentou queda, de 29,7% para 29,4%. A economista da CNC, Izis Ferreira, destaca que havia uma demanda estagnada por bens dependentes de crédito, como móveis ou eletrodomésticos, e que isso pode indicar que as famílias estão se organizando melhor para pagar as dívidas. “A proporção do comprometimento da renda com dívidas vem caindo desde novembro de 2019 e reforça que o consumo está sendo retomado através do que se pode chamar de dívida responsável, com as famílias se organizando para pagar empréstimos e financiamentos”.

Entre as principais dívidas indicadas pela população brasileira em janeiro de 2020, estão, em ordem decrescente: cartão de crédito (79,8%), carnês (15,9%) e financiamento de carro (10,9%).

 

A pesquisa com mais detalhes pode ser acessada por meio deste link