Weintraub aceita pedido via Twitter e refaz análise de prova de filha de apoiador
Governo já recebeu 24 ações judiciais para recorreção das notas do Enem 2019; o homem que solicitou a revisão da prova da filha se mostra apoiador do governo nas redes sociais
11:43 | Jan. 27, 2020
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, pediu a recorreção da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 de uma candidata após receber a reclamação do pai dela, via Twitter. Na rede social, o homem se mostra apoiador do governo e crítico ferrenho do Partido dos Trabalhadores (PT). Weintraub recebeu o pedido no último sábado, 25, e respondeu ao seguidor ainda no mesmo dia. O governo Bolsonaro recebeu 24 ações individuais na Justiça, além de uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, que pedem nova análise da prova do Enem 2019 após erros cometidos na correção.
No Twitter, em uma publicação feita pelo ministro, um homem identificado como Carlos Santanna reclamou sobre um erro na nota de sua filha. "Ministro, minha filha tem certeza que a prova do Enem dela não teve a correção adequada e que ela foi prejudicada. E agora? A Inês é morta? O Sisu termina amanhã", escreveu, identificando, em seguida, o número de inscrição da filha no Enem.
@ArthurWeint Ministro, minha filha tem certeza que a prova do Enem dela não teve a correção adequada e que ela foi prejudicada. E agora? A Inês é morta? O Sisu termina amanhã. Inscrição n° 191036902663
Cerca de uma hora depois, Weintraub respondeu ao apoiador, também no Twitter, com um print screen de uma mensagem privada que trocou no WhatsApp com Alexandre Lopes, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela aplicação do Enem.
Caro Carlos, veja a resposta abaixo. Abraço pic.twitter.com/ef4ncMSs9D
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) January 25, 2020Nessa mensagem, Lopes, identificado como "Alê" no telefone do ministro, responde ao pedido anterior de Weintraub para verificar o caso, confirmando a verificação. "Ministro, a participante teve a prova corrigida corretamente. Tudo confere. Fez a prova em Ribeirão Preto/SP. Conferido com a aplicadora. Não houve erro de associação no caso dela", disse o presidente do Inep em referência à falha ocorrida com quase 6 mil participantes do Enem 2019.
No último domingo, 26, a assessoria do Inep afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que o instituto está revisando as provas de todas as pessoas que fazem reclamações de maneira informal, por meio das redes sociais, mas que não dará respostas individuais a elas, como fez Weintraub em relação a seu apoiador.
Conforme divulgado na semana passada pelo Inep, os resultados de todos os candidatos foram revistos na antes da abertura do Sisu 2020.
Porém, até esta quarta-feira, 24, o governo Bolsonaro já havia recebido 24 ações individuais na Justiça, além de uma ação civil pública do Ministério Público Federal de Minas Gerais, que pedem nova análise da prova do Enem 2019. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) rejeitou ontem, 26, o pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) para derrubar a decisão que suspende a divulgação do resultado do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2020, feita pela Justiça Federal de São Paulo.
Leia mais
-
Decisão do TRF-3 nega pedido do governo e mantém suspensa divulgação do resultado do Sisu 2020
-
Decisão da Justiça de São Paulo suspende o Sisu; inscrições estão mantidas
-
MPF pede suspensão do Sisu, Fies e Prouni até que nova revisão das notas do Enem seja feita
-
Governo já recebeu 18 ações judiciais após erros no Enem 2019