Relatório afirma que Gegê foi morto após não cumprir promessa de salvar Marcola

De acordo com relatório obtido pelo UOL, Gegê prometeu que resgataria o parceiro Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola

23:37 | Out. 29, 2019

Fabiano Alves de Souza, o Paca, e Rogério Jeremias, o Gegê do Mangue, líderes do PCC mortos em Jenipapo Kanindé, em Aquiraz (foto: Tatiana Fortes em 11/09/2019)

Rogério Jeremias de Simone, 41, conhecido como Gegê do Mangue, foi assassinado em fevereiro de 2018 no Ceará. Gegê era o chefe número um do Primeiro Comando da Capital (PCC) fora dos presídios. De acordo com relatório do Núcleo Regional de Inteligência e Segurança Penitenciária da Croeste (Coordenadoria das Unidades Prisionais da Região Oeste do Estado de São Paulo), obtido com exclusividade pelo UOL, Gegê teria desviado dinheiro da facção e foi considerado traidor pelo grupo criminoso após não cumprir promessa de resgatar da prisão Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, chefe geral do PCC.

"Gegê passou a ser a principal liderança da facção em liberdade, assumindo o controle de todas as atividades criminosas do grupo. Teria prometido, no momento de sua liberdade, que iria resgatar Marcola, com quem possuía uma imensa dívida de gratidão. Teria dito que Marcola não precisava fazer nada relacionado ao plano, pois toda a execução seria feita por ele. Porém, não o fez, e aproveitando-se do fato de ser a principal liderança em liberdade, voltou todos os seus esforços para o tráfico de drogas em benefício próprio, porém, utilizando a estrutura da facção", afirma o relatório.

A investigação ainda afirma que "após ficar um ano em liberdade e nada fazer em prol da facção, nem tampouco organizar a ação de resgate, Gegê foi assassinado a mando de Gilberto Aparecido dos Santos, vulgo Fuminho, um dos maiores traficantes de drogas brasileiro e amigo de infância de Marcola. Fuminho teria percebido que Gegê não tinha interesse algum na liberdade de Marcola, pois, uma vez resgatado, Gegê passaria a ser um coadjuvante na facção e Marcola descobriria as diversas irregularidades praticadas por ele".

Plano de resgate assumido por Fuminho

Marcola estava detido no interior de São Paulo, no Presidente Venceslau. De acordo com investigação, Fuminho, amigo de infância de Marcola, cumpriria o resgate prometido por Gegê. O relatório aponta que Fuminho organizou diversas equipes para realizar o resgate. "Uma delas fecharia a rodovia Raposo Tavares, nos dois sentidos. Outra, atacaria o Batalhão da Polícia Militar de Presidente Venceslau. Uma outra frente impediria que o helicóptero Águia, que fica no aeroporto de Presidente Prudente, levantasse voo", afirma o documento.

Participaram da ação criminosos de vários nacionalidades, radicados na Bolívia. O resgate utilizaria até mesmo helicóptero e aviões. O plano consistia em utilizar fuzis calibre .50 e lança foguetes ao se aproximar da Unidade onde Marcola estava preso. Usariam ainda explosivos para destruir a muralha. 15 integrantes seriam resgatados:

Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola

Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, conhecido como Marcolinha (irmão de Marcola)

Márcio Luciano Neves Soares, conhecido como Pezão

Pedro Luiz da Silva Moraes, conhecido como Chacal Reinaldo

Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal

Alessandro Garcia de Jesus Rosa, conhecido como Sandrinho Alexandre Cardoso da Silva

Bradok Antonio Jose Müller Junior, conhecido como Granada

Daniel Vinicius Canonico, conhecido como Cego

Fernando Gonçalves dos Santos, conhecido como Azul

Julio Cesar Guedes de Moraes, conhecido como Carambola

Lourinaldo Gomes Flor, matrícula 38.824, conhecido como Lori

Lucival de Jesus Feitosa, conhecido como Val do Bristol

Luis Eduardo Marcondes Machado de Barros, conhecido como Du da Bela Vista

Patric Velinton Salomão, conhecido como Forjado

 

Com informações do UOL