Sistema que facilita leitura desperta atenção de educadores

19:34 | Set. 05, 2019

Educadores brasileiros têm tido sua atenção despertada no estande da Microsoft, patrocinadora da Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro (Bienal Rio 2019), por um sistema gratuito para instituições de ensino e professores. O sistema facilita a alfabetização de crianças com autismo e dislexia, entre outras dificuldades. 

A Bienal foi aberta no último dia 30 de agosto, no Riocentro, na Barra da Tijuca  e funcionará até o próximo domingo (8).

Através da plataforma Microsoft Learning Tools, os professores podem baixar no computador o sistema Ferramentas de Aprendizagem (Learning Tools, em inglês). Basta fazer o download. O professor pode escrever um texto ou baixar um texto da internet para usar e mesmo tirar uma foto e o sistema faz análise da imagem. A ferramenta é útil, em especial, para crianças que têm dificuldade de se concentrar durante a leitura ou têm alguma deficiência visual, por exemplo, disse o gerente de Negócios da Microsoft, Daniel Maia, nesta quinta-feira (5) à Agência Brasil .

“A ferramenta ajuda a fazer o treino da leitura”. O gerente relatou o caso de uma mãe que lamentava que o filho só lia seis palavras por minuto. Após o uso do sistema, em menos de uma ou duas semanas, ela passou a ler 60 palavras por minuto. “Já estava se tornando fluente”. 

Inclusão

Os educadores que têm visitado o estande da Microsoft, sejam de língua portuguesa ou de humanas como um todo, se manifestam de forma positiva por poderem ampliar a inclusão dos alunos dentro de sala de aula. “Porque o aluno que não consegue ler, ele se isola, não consegue acompanhar os demais e, até, vira vítima de ‘bullying’, disse Maia. Segundo ele, a preocupação da Microsoft com essa plataforma é transformar o tempo em sala de aula entre aluno e professor, melhorar o resultado da aprendizagem e que a tecnologia que dá essa resposta ao aluno seja acessível e inclusiva.

Não é à toa que a Bienal Rio tem nesta edição a acessibilidade, a diversidade e a inclusão como carros-chefe. “Estamos super alinhados com a causa”, destacou o gerente da Microsoft. O sistema está disponível em vários idiomas. Implantado no Brasil há três anos, ele recebe atualizações mensais.

A psicopedagoga Zoraide Vianna, de 54 anos, professora do Centro Municipal de Atendimento Educacional Especializado de Barra Mansa, atendendo a 165 alunos com deficiência, afirmou que a tecnologia digital vai auxiliá-la no ensino da leitura para seus alunos. “Vai ser super interessante para eles”.

Daniel Maia salientou que as ferramentas gratuitas permitem leitura, escrita e compreensão de textos para crianças e, inclusive, adultos analfabetos. Um dos recursos é o ‘Immersive Reader’, que permite ao aluno customizar a visualização de textos no computador de acordo com sua necessidade. Ele pode, por exemplo, configurar o espaçamento entre letras, o tamanho da fonte e a cor de fundo. Conforme o estudante vai lendo, a palavra é iluminada na tela. “Inclusive, se a criança não sabe ler aquela palavra, o computador consegue ler para ela”. Outra coisa interessante é que algumas palavras trazem um ícone e quando o ‘mouse’ é colocado em cima, aparece o significado daquela palavra. “Consegue ilustrar o sentido daquela palavra, se for um objeto”, disse Maia.

Qualquer instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação tem acesso gratuito à ferramenta.

Bienal

A diretora da Bienal do Livro do Rio, Tatiana Zaccaro, disse à Agência Brasil que embora não haja ainda números definitivos, todas as expectativas dos organizadores estão sendo alcançadas. Os editores que participam do evento têm relatado, por exemplo, que o total de livros vendidos está de 10% até 60% acima do resultado registrado na edição anterior, em 2017. O número de visitantes também está dentro do esperado, que gira em torno de 600 mil pessoas, garantiu Tatiana.

Segundo a diretora, a Bienal tem um perfil de público diferente para dias de semana e finais de semana. De segunda a sexta-feira, no período de 9h às 17h, o foco principal é a visitação de escolas. À noite, há muitos adultos. Embora já tenha encerrado as inscrições para visitas de escolas públicas, Tatiana disse que alunos das escolas particulares também podem visitar o evento. Para isso, devem pagar meia entrada, cujo valor é R$ 15. Nos fins de semana, os corredores da Bienal ficam lotados de grupos de amigos e famílias.

“O evento está cheio. Houve número recorde de crianças na visitação de escolas (112 mil). Todas as sessões da programação cultural estão cheias. Todos os assuntos dos quais existem livros publicados estão na Bienal”, disse Tatiana.

Uma pesquisa iniciada na abertura da Bienal vai mostrar o impacto econômico do evento para a cidade do Rio de Janeiro e terá os resultados divulgados pós-Bienal. No próximo domingo (8), data de encerramento do evento, será divulgada uma parcial da pesquisa.