"Professor tem que ensinar e não doutrinar", diz Bolsonaro ao mostrar aluna filmando docente
Imagens mostram estudante confrontando docente por fazer críticas a Olavo de Carvalho. Projeto "Escola Sem Partido" incentiva registro de aulas por parte dos alunos
14:49 | Abr. 28, 2019
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) divulgou, neste domingo, 28, um vídeo de confronto entre aluna e professora durante uma aula de gramática. Na gravação, feita pela aluna, a professora é criticada por expor sua opinião sobre o escritor Olavo de Carvalho, chegando a chamá-lo de “anta”. Junto à imagem, Bolsonaro afirmou que "professor tem que ensinar e não doutrinar".
Professor tem que ensinar e não doutrinar. pic.twitter.com/voG6Dj15IZ
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 28 de abril de 2019O vídeo de 1 minuto e 54 segundos foi divulgado no Twitter do presidente às 4h44min e tem mais de 465 mil visualizações no começo desta tarde.
“Por que ele é uma anta, professora?”, questiona a aluna no vídeo após o comentário da docente. “A senhora não percebeu que pegou 25 minutos da aula para expor sua opinião político-partidária?”, critica. “Não tô pagando cursinho para ouvir opinião política”, finaliza a aluna.
Depois, a professora pede que a aluna vá à coordenação. “Todas as suas aulas eu vou gravar e expor na internet, tá bom”, responde a aluna.
Escola Sem Partido
A vigilância de alunos sobre docentes é uma das principais bandeiras do Escola Sem Partido, projeto apoiado por Bolsonaro. A proposta quer acabar com uma suposta "doutrinação" por parte de professores, assegurando inclusive o direito de gravação das aulas.
"É assegurado aos estudantes o direito de gravar as aulas, a fim de permitir a melhor absorção do conteúdo ministrado e de viabilizar o pleno exercício do direito dos pais ou responsáveis de ter ciência do processo pedagógico e avaliar a qualidade dos serviços prestados pela escola", diz o projeto.
Em outubro do ano passado, logo após as eleições, a recém-eleita deputada estadual Ana Caroline Campagnolo, do mesmo partido que o presidente, incitou alunos de Santa Catarina a enviarem vídeos de professores praticando o que ela chamou de "manifestações ideológicas".