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Há 80 anos, morria Lampião, o maior bandido do Brasil

 
DOCUDRAMA ENCENA ENTREVISTA DE LAMPIÃO PUBLICADA PELO O POVO
 
 
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Lampião sabia que estava sendo visto e gostava disso. Quando seu espólio pessoal foi resgatado naquela madrugada de 28 de julho de 1938, momentos depois da morte do bando pelas forças volantes do tenente João Bezerra, encontraram em seu bornal um exemplar do livro que levava seu nome, de autoria do escritor e médico sergipano Ranulfo Prata. Às margens das páginas, anotações do próprio Lampião sobre o texto. Outro escritor, Leonardo Mota, cearense de Pedra Branca, escreveu em 1930 que Lampião parecia "possuir a volúpia da espetaculosidade". "Era o maior marqueteiro de si mesmo", afirma em entrevista a O POVO o historiador Frederico Pernambucano de Mello. Leia mais 
 
 
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[FOTO7]O maior risco que Lampião, o Rei do Cangaço, vingativo e temido até em pensamento, correu foi quando ficou frente a frente com Maria Gomes de Oliveira, uma baiana alva, baixinha, de nariz arrebitado e pernas inesquecíveis, que tinha sido mulher de Zé de Neném-sapateiro aos 15 anos e, naquele 1928, com 18, voltava a ser dona de si. Desde que lhe pediu que bordasse as iniciais CVF em 15 lenços de seda, quando de passagem pela fazenda de Zé Felipe e dona Déa, o Capitão ficou sob a mira da filha deles. Leia mais
 
 
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Um dos segredos do sucesso de Lampião era a capacidade de esconder seus rastros. Usavam vários estratagemas para disfarçar sinais de sua passagem. Apagavam pegadas, caminhavam para trás de forma a ocultar a direção. Para muitos soldados que o perseguiam, o cangaceiro parecia ter poderes sobrenaturais. Leia mais
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  O cangaço é um gênero cinematográfico tipicamente brasileiro, cuja temática foi consagrada no cinema nacional por clássicos, como O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953) e Deus e o Diabo na Terra do Sol (Glauber Rocha, 1964). Os primórdios dos filmes de cangaço remontam às décadas de 1920 e 1930, quando o movimento histórico ainda existia e Lampião vagava pelo sertão nordestino, povoando o imaginário popular com suas aventuras, para o bem ou para o mal. Leia mais
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Em 29 de julho de 1938, o New York Times publicou que "one-eyed Lampeão", "one of the most ruthless killers of the Western World, havia sido morto. O mais prestigioso jornal do mundo se referia ao "Lampeão de um olho só" como "um dos mais temíveis cangaceiros do mundo ocidental".

Na orelha do livro do historiador Billy Jaynes Chandler, que escreveu o que talvez seja a mais importante obra sobre o cangaceiro, é dito: "O que Jesse James foi para os Estados Unidos, Lampião foi para o Brasil, e até mesmo em dose mais forte". Soaria provinciano, não fosse a obra de um americano.

Passados 80 anos, não se tem a dimensão do interesse e curiosidade mundiais despertados pelo chefe de um bando criminoso que nunca pisou numa capital de estado e restringiu suas atividades às regiões mais pobres de um País então ainda mais periférico. Durante 16 anos, foi o criminoso mais temido, procurado e também admirado dos sertões. Não há paralelo em trajetória tão duradoura e bem-sucedida nesse tipo de atividade.

No mesmo dia em que a notícia estava no New York TimesO POVO trazia em manchete: "Decapitados Lampeão, sua mulher e nove comparsas". A informação foi festejada mesmo em locais dos quais o cangaceiro jamais chegara perto. "A notícia, como era natural, causou viva sensação no Rio, cuja população aguardou com enorme ansiedade sua confirmação", informou O POVO naquele dia. A festa na então capital federal era previsível, pois o combate ao cangaço se tornara questão de Estado para o governo Getúlio Vargas. Estava em seu começo a ditadura do Estado Novo - e nada era mais velho e atrasado que o cangaço.

A ansiedade quanto à confirmação, relatada pelo O POVO, era previsível. Em pelo menos oito ocasiões, houve informações falsas sobre a morte do "rei do Cangaço". A última delas havia surgido em Sergipe e divulgada em 12 de janeiro no O POVO e um dia depois no New York Times: "Nº 1 bad man dies in his bed in Brazil" - "homem mau número um morre em sua cama no Brasil. A informação, equivocada, apontava que Lampião teria sido vitimado por tuberculose.

A notícia da morte no New York Times mostra que a fama do cangaceiro ia muito além do Nordeste e do Brasil. E o fato de o boato sobre sua morte ter sido veiculado antes demonstra que o interesse por ele não era esporádico. Virgolino Ferreira da Silva - conforme a grafia com "O" de sua certidão de nascimento - era personagem sem paralelo no Ocidente. Para os estrangeiros, tratava-se de curiosidade pitoresca. Para os Estados Unidos, soava como reminiscência do Velho Oeste.

Para o sertanejo, era personagem algo que lendário. Atribuíam-se a ele poderes místicos, "corpo fechado" para tantas vezes ter escapado. Ao morrer, falou-se que teria sido envenenado com vinho. Décadas depois, dizia-se que ainda estava vivo e refugiado no então pouco povoado estado de Goiás. O cangaço - e seu "rei - influenciaram decisivamente a ideia que se faz de Nordeste, inclusive esteticamente. A mitologia em torno de Lampião criou ainda a imagem, até hoje difundida, de um "bandido social", um Robin-Hood dos sertões. Não era bem assim.

Lampião não morreu de tuberculose, tampouco pelas mãos de algum de seus inimigos mais empenhados, corajosos ou competentes. A ação que finalmente o matou foi liderada por policial suspeito de colaboração com criminosos e teve muito de acaso.

A partir do acervo do O POVO e do livro de Chandler, O POVO Online inicia série de reportagens sobre os 80 anos da morte do rei do cangaço, o alcance da violência que espalhou e a marca que deixou no imaginário dos sertões.  

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