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Guerrilha sertaneja: a estratégia de combate de Lampião

A longevidade de Virgolino como maior bandido dos sertões se explica em grande parte por estratégias que consistiam em lutar apenas quando em condições favoráveis, fugir quando o cenário se tornava desfavorável, esconder os rastros e manter ampla política de alianças. Métodos semelhantes às guerrilhas, mas desprovidas do caráter político
20:56 | Jul. 27, 2018
Autor Érico Firmo
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Érico Firmo Editor e Colunista
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Tipo Notícia
A rede de relações e as estratégias de combate são os principais fatores para explicar o sucesso tão duradouro de Lampião como maior criminoso dos sertões. Ele mantinha alianças que iam desde vaqueiros até importantes proprietários de terra, passando pela igreja, policiais e políticos importantes. Isso dava a ele importante barreira de proteção.
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Todavia, os inúmeros combates diretos travados contra policiais e civis e os tiroteios ao atacar cidades e povoados mostram que Virgolino Ferreira da Silva precisou dominar a arte de guerrear. Ia muito além da força, da brutalidade e de saber atirar - atributos por certo indispensáveis, mas insuficientes. Para o historiador Billy Jaynes Chandler, a forma de lutar se aproxima das estratégias de luta de guerrilha. Não no sentido clássico, relacionado à luta por motivação política. Mas, certamente, pelos canais usados.

Lampião se valeu de estratagemas que envolviam esperteza e método. O ponto de partida de tudo era a informação e conhecimento do campo de batalha.

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Ao mesmo tempo em que ter informação era decisivo, evitar que o inimigo obtivesse também era. Atributo crucial era a capacidade de esconder os vestígios de por onde passaram. Não ser encontrado era elemento crucial. 

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A maneira de organizar a tropa era outro fator decisivo para o sucesso. O grupo se dividia para ter velocidade e despistar e se reunia para demonstrar força ou quando era conveniente à estratégia. Ilude-se quem pensa que Lampião era tipo do combatente que não abandonava uma briga. Não teria sobrevivido por 16 anos no comando do crime dos sertões não fosse o fato de fugir quando em desvantagem. Nem entrava em confronto se as condições não estavam a seu favor e, quando o cenário se mostrava desfavorável, tratava de escapar. Não raro era tachado de covarde.
 
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Além de despistar, minar os adversários e exaurir seus recursos foi outra receita do "rei do Cangaço.

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O componente político e de relacionamento era complemento determinante nesse jogo estratégico no qual não lutar era melhor que lutar e fugir era melhor que morrer em combate. Havia muitos criminosos em posição de poder e prestígio para viabilizar o banditismo de Lampião.
 
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Os percursos de Lampião pelos sertões:
 
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Linha do tempo:
 
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