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Professor afirma que tema da redação poderia ter sido previsto

A escolha do tema marca o aniversário de dez anos da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência
19:20 | Nov. 05, 2017
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Atualizada às 20h30min

Com a temática "Desafios para a formação educacional de surdos", a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017 aplicada neste domingo, 5, ajudou a divulgar e trazer à tona a pauta sobre direitos da comunidade surda por uma educação e capacitação mais eficazes.

A escolha do tema marca o aniversário de dez anos da Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, além de ser a primeira edição em que a prova também é aplicada em libras para alunos surdos.

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"Só isso já seria motivo suficiente para que a temática tivesse sido cogitada como um dos possíveis temas da prova", afirma Emiliano Aquino, professor do curso de filosofia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), militante da causa e pai de uma criança surda.

Ele considera essa uma grande vitória da comunidade surda e da sociedade no geral. "Nessa tarde tivemos milhões de jovens pensando e conhecendo a questão dos surdos. Só em conseguirmos trazer esse assunto para a pauta de discussão, principalmente entre jovens, já é um grande avanço", enfatiza.

[SAIBAMAIS]

Ele se contrapôs a queda da regra que zera as redações que ferem os direitos humanos. "O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) ter escolhido esse tema traz obrigatoriamente a temática dos direitos humanos para a pauta, já que os direitos dos surdos é um desdobramento da convenção dos direitos humanos da ONU de 1948".

"O direito linguístico dos surdo é impossível de ser trabalhado sem tratar dos direitos humanos, principalmente em uma época conservadora como essa que estamos vivendo", diz o professor.

Quando falamos a nível estadual, os surdos já obtiveram grandes conquistas em Fortaleza, com duas escolas de nível médio específica para surdos. O Instituto Cearense de Educação de Surdos (Ices) atua há mais de 60 anos e é considerado a mãe da língua de sinais no estado.

A escola estadual Joaquim Nogueira tem em sua grade um curso em que metade dos alunos é surdo e a outra metade ouvinte. Metade desses estudantes se formou em instrutor de libras e atua na educação dos primeiros anos infantis e a outra metade se forma em intérprete de libras.

Para Emiliano, "em Fortaleza até que estamos bem, no interior é que não temos ainda escolas especificas. Espero que agora com o Enem em libras e a visibilidade que o tema da redação nos deu, esses problemas sejam melhorados". Por outro lado, a Universidade Federal do Ceará (UFC) já possui um curso de letras com habilitação em libras onde a maioria dos professores é surdo. Já as faculdades do interior do Estado, como a Unilab, ainda estão em processo de implantação de um curso superior específico.

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