Bruno é condenado a 22 anos e três meses; ex-mulher é absolvida
Resultado do julgamento do goleiro foi conhecido na madrugada desta sexta-feira, 8
Atualizada às 8h55min
O goleiro Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de prisão pelo assassinato, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado da modelo Eliza Samudio. Pelos dois último crimes, ele também foi condenado em relação ao seu filho com a modelo, Bruninho.
A ex-mulher do jogador, Dayanne Rodrigues, foi absolvida da acusação de sequestro e cárcere privado do bebê.
Julgamento Bruno
O júri popular foi formado por cinco mulheres e dois homens, que condenou no início da madrugada desta sexta-feira, 23, no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, o jogador.
O ex-capitão do Flamengo foi considerado culpado pela morte da modelo e foi condenado a 22 anos e 3 meses, sendo 17 anos e 6 meses de regime fechado. Ele poderá pedir a liberdade após cumprir 2/5 desse total, que equivalem a sete anos. Até o julgamento, o ex-goleiro já permaneceu em cárcere por 2 anos e 8 meses.
Na leitura da sentença, a juíza Marixa Fabiane utilizou palavras fortes contra o réu. "(Bruno) é uma pessoa fria, violenta e dissimulada, com personalidade que foge aos padrões mínimos de normalidade. O réu tem incutido na sua personalidade uma total incompreensão dos valores", disse Marixa. Leia a íntegra da sentença.
Aumento da penaA promotoria afirmou que recorrerá da sentença e pedirá aumento de pena para o goleiro Bruno. O advogado Lúcio Adolfo, que representa Bruno, disse que também recorrerá da condenação de 22 anos e três meses.
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Histórico do caso
24 de junho de 2010 – Às 20h, a partir de um relato informal, os policiais da Delegacia Especializada de Homicídios de Contagem ficam sabendo que uma mulher, de nome Eliza Samudio, havia sido espancada pelo goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes das Dores de Souza, e por mais dois indivíduos, dentro de um sítio, em Contagem. Após a agressão, a mulher desapareceu e seus pertences foram queimados. Segundo o relato, o bebê de quatro meses, filho de Eliza Samudio, ainda estaria no sítio. A polícia faz algumas apurações e entra em contato, no Rio de Janeiro, com a amiga de Eliza, Milena Baroni, que confirma o desaparecimento, desde 4 de junho, da mulher agredida.
25 de junho de 2010 – Em ligação anônima para o Disque Denúncia, uma pessoa afirma que Eliza Samudio foi morta e que o culpado é o goleiro Bruno.
26 de junho de 2010 – A Polícia Civil encontra o bebê e Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, mulher de Bruno, é presa em flagrante por subtração de incapaz. Dayanne é solta no dia seguinte, por força de um alvará de soltura.
6 de julho de 2010 – O inquérito da Polícia Civil é enviado à justiça, com 15 páginas, com pedido de prisão temporária de Bruno Fernandes das Dores de Souza, Luiz Henrique Ferreira Romão, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, Elenilson Vítor da Silva e Sérgio Rosa Sales. A polícia também faz pedidos para a expedição de mandados de busca e apreensão em diversos endereços dos envolvidos.
José Carlos da Silva presta depoimento na polícia do Rio de Janeiro depois de revelar à Rádio Tupi sobre o envolvimento do goleiro Bruno Fernandes com o desaparecimento de Eliza Samudio. José Carlos da Silva ficou sabendo do caso depois de ser procurado por seu sobrinho, na época menor, Jorge Luiz Lisboa Rosa, que teria participado do crime. No mesmo dia, Jorge Luiz Lisboa Rosa também presta depoimento.
A Justiça mineira decreta a prisão temporária (por 30 dias) de Bruno Fernandes das Dores de Souza, Luiz Henrique Ferreira Romão, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, Elenilson Vítor da Silva e Sérgio Rosa Sales. No mesmo despacho, a Justiça defere os mandados de busca e apreensão e determina o envio de uma cópia do material sobre o caso ao juízo da Infância e da Juventude de Contagem, já com o pedido formulado pelo Ministério Público para a internação provisória do então menor Jorge Luiz Lisboa Rosa.
O juiz da Infância e da Juventude de Contagem, Elias Charbil Abdou Obeid, determina a internação provisória do então menor Jorge Luiz.
7 de julho de 2010 – São presos provisoriamente, em Minas Gerais, Dayanne e Sérgio.
A polícia realiza busca domiciliar na casa de Marcos Aparecido dos Santos, apontado como o executor da vítima. Marcos Aparecido tem a sua prisão provisória decretada.
8 de julho de 2010 – Marcos Aparecido dos Santos é preso.
A Justiça do Rio de Janeiro autoriza a transferência de Bruno Fernandes e de Luiz Henrique, presos naquele estado, para Minas Gerais.
9 de julho de 2010 – Bruno e Luiz Henrique chegam à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem.
12 de julho de 2010 – Um jornalista entrega à polícia um álbum de fotos parcialmente queimado, encontrado nas imediações do sítio do goleiro Bruno. As fotos são do filho de Eliza.
28 de julho de 2010 – Em relatório assinado pelos delegados Edson Moreira da Silva, Wagner Pinto de Souza, Alessandra Escobar Vieira Wilke e Ana Maria dos Santos Paes da Costa, a Polícia Civil indicia Bruno Fernandes das Dores de Souza, Luiz Henrique Ferreira Romão, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, Elenilson Vítor da Silva, Sérgio Rosa Sales, Marcos Aparecido dos Santos e Fernanda Gomes de Castro. A polícia pede a prisão preventiva dos réus. Até então, com exceção de Fernanda, eles estavam presos provisoriamente.
30 de julho de 2010 – O inquérito sobre o caso é entregue à Justiça, que encaminha o material para o Ministério Público para o oferecimento da denúncia.
4 de agosto de 2010 – O Ministério Público oferece a denúncia contra os indiciados e também pede que seja decretada a prisão preventiva dos réus.
A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, da Vara do Tribunal do Júri de Contagem, recebe a denúncia e decreta a prisão preventiva dos réus.
5 de agosto de 2010 – Fernanda Gomes de Castro é presa.
10 de setembro de 2010 – O então menor Jorge Luiz é internado por prazo indeterminado.
8 de outubro de 2010 – Começam as audiências de instrução do caso. São ouvidos o então menor Jorge Luiz e o delegado Júlio Wilke. Ao longo da instrução processual, diversas outras pessoas são ouvidas por cartas precatórias, emitidas para diversas localidades do Estado e do país.
13 de outubro de 2010 – São ouvidos pela Justiça o caseiro José Roberto Machado e a esposa dele, Gilda Maria Alves.
14 de outubro de 2010 – Continua a oitiva de Gilda Maria Alves, mulher do caseiro do sítio do goleiro Bruno. Também é ouvido o policial civil Sirlan Versiani Guimarães. Os delegados Edson Moreira da Silva, Alessandra Wilke e Ana Maria dos Santos Paes da Costa, que seriam ouvidos, são dispensados.
15 de outubro de 2010 – São ouvidos José Carlos do Nascimento, Efigênia de Jesus Silva e Elizabete Mendes Soares Valério.
8 de novembro de 2010 – São ouvidos Dayanne Rodrigues do Carmo Souza e Elenilson Vítor da Silva.
9 de novembro de 2010 – São ouvidos Flávio Caetano de Araújo e Wemerson Marques de Souza.
10 de novembro de 2010 – Sérgio Rosa Sales é ouvido.
11 de novembro de 2010 – São ouvidos Bruno Fernandes das Dores de Souza e Luiz Henrique Ferreira Romão.
12 de novembro de 2010 – São ouvidos Marcos Aparecido dos Santos e Fernanda Gomes de Castro.
17 de dezembro de 2010 – Oito, dos nove réus, são pronunciados pela Justiça, ou seja, a Justiça determina que eles sejam levados a júri popular.
Em relação à vítima Eliza Samudio: Bruno, Luiz Henrique e Sérgio são pronunciados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, com emprego de meio cruel e usando métodos que dificultaram a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. Em relação a Bruno Samudio: eles são pronunciados por sequestro e cárcere privado. Segundo a pronúncia, os crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio foram absorvidos pelo crime de homicídio.
Marcos Aparecido dos Santos é pronunciado por homicídio duplamente qualificado (com emprego de meio cruel e sem permitir a defesa da vítima); e ocultação de cadáver.
Elenilson Vítor da Silva, Wemerson Marques de Souza e Dayanne Rodrigues do Carmo Souza são pronunciados por sequestro e cárcere privado do filho de Eliza Samudio.
Fernanda Gomes de Castro é pronunciada por sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e do filho dela.
Flávio Caetano é impronunciado, ou seja, deixa de ser réu no processo.
A juíza Marixa Fabiane determina ainda que Bruno, Luiz Henrique, Sérgio e Marcos Aparecido continuem presos enquanto aguardam o julgamento. Os demais réus são soltos.
11 de agosto de 2011 – Sergio Rosa Sales é solto.
22 de agosto de 2012 – Sérgio Rosa Sales é assassinado.
5 de outubro de 2012 – A juíza determina o desmembramento do processo em relação aos réus Elenilson Vítor da Silva e Wemerson Marques de Souza.
19 de novembro de 2012 – Começa o julgamento dos réus Luiz Henrique, Fernanda Gomes, Marcos Aparecido, Dayanne Rodrigues e Bruno Fernandes. Após apresentar algumas questões preliminares, os advogados de defesa de Marcos Aparecido dos Santos decidem abandonar o plenário. Os advogados dos demais réus se mantêm em plenário. Marcos Aparecido é considerado indefeso e manifesta o interesse de não ser representado pelos defensores públicos presentes no fórum. Assim, a juíza Marixa Fabiane dá prazo de dez dias para que o réu constitua novos advogados e desmembra o processo em relação a ele. Por terem abandonado o plenário, os advogados de defesa de Marcos Aparecido, Ércio Quaresma, Fernando Magalhães e Zanone Manuel, são multados em 30 salários mínimos (R$ 18.660). Os demais defensores desse réu não são multados, porque a juíza entende que eles atuam no caso há pouco tempo e não há evidências de que tenham condições de patrocinar a defesa do réu. O delegado Edson Moreira é dispensado pela defesa de Luiz Henrique. A sessão se encerra às 21h15min.
20 de novembro de 2012 – A sessão começa às 9h. Bruno pede para conversar reservadamente com seus advogados. Após a conversa, Bruno destitui Rui Pimenta. Sua defesa fica a cargo de Francisco Simim e Rodrigo Bizzoto Randazzo. Sob a alegação de que não desejava causar prejuízos à defesa de Dayanne (pois os advogados afirmaram não ter as condições necessárias para patrocinar a defesa de mais de um cliente e por questões éticas), Bruno destitui também Francisco Simim. O Ministério Público pede então que o processo seja desmembrado em relação à ré Dayanne, permitindo que Francisco Simim continue na defesa de Bruno (por ser réu preso, o julgamento de Bruno tem a preferência). O processo de Dayanne é desmembrado. A sessão se encerra às 18h30min.
21 de novembro de 2012 – A sessão começa às 9h. Antes de iniciada a sessão plenária, Francisco Simim substabelece para atuar no processo em nome de Bruno o advogado Lúcio Adolfo da Silva. O novo advogado pede que uma nova data seja designada para o julgamento para que ele possa estudar o processo. O pedido é deferido pela juíza e o processo é desmembrado em relação a Bruno. O julgamento de Dayanne, Bruno e Marcos Aparecido é marcado para 4 de março de 2013. O julgamento de Luiz Henrique e Fernanda continua. Às 23h08, Luiz Henrique começa a ser interrogado. A sessão termina às 4h16, do dia 22 de novembro.
22 de novembro de 2012 – A sessão começa às 13h30. Apenas a ré Fernanda é interrogada. A sessão se encerra às 18h.
23 de novembro de 2012 – A sessão começa às 13h30, com a fase dos debates. Após os debates, os jurados entram na sala especial com a juíza, o promotor de Justiça, a defesa, o escrivão, o escrevente e os oficiais de Justiça. Por volta da meia-noite, é lida a sentença condenatória. Fernanda é condenada a dois anos em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Eliza Samudio e a três anos anos em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Bruno Samudio, totalizando cinco anos de pena. Luiz Henrique foi condenado a 15 anos (12 anos em regime fechado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio e a três anos em regime aberto pelo sequestro e cárcere privado de Bruno Samudio).
24 de junho de 2010 – 28 de novembro de 2012 – O Ministério Público recorre contra o regime fixado para a ré Fernanda Gomes de Castro.
30 de novembro de 2012 – Fernanda Gomes de Castro recorre contra a condenação. Em relação ao réu Luiz Henrique, a sentença transita em julgado, ou seja, não cabe mais recurso.
8 de fevereiro de 2013 – A juíza desmembra o processo em relação ao réu Marcos Aparecido dos Santos, que será julgado em 22 de abril de 2013, às 9h.