Gravações ligam Bolsonaro diretamente a esquema ilegal de rachadinhas

O esquema de rachadinha consiste na entrega de salários por parte de assessores ao representantes públicos. As gravações apontam para o tempo em que ele exerceu seguidos mandatos de deputado federal (entre os anos de 1991 e 2018).

09:54 | Jul. 05, 2021

Por: Levi Aguiar
Jair Bolsonaro (sem partido) (foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Série de áudios divulgados nesta segunda-feira, 5, mostra Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, fazendo revelações sobre o que seria dito no círculo íntimo e familiar do presidente. As declarações relatam que Jair Bolsonaro (sem partido) participaria diretamente de um esquema de rachadinha. O esquema envolveria 18 parentes da segunda mulher do presidente, que foram nomeados em um dos três gabinetes da família Bolsonaro (Jair, Carlos e Flávio), no período de 1998 a 2018. 

O esquema rachadinha é o nome popular que designa crime de peculato (mau uso de dinheiro público). Na manhã de hoje, a reportagem foi publicada na coluna da jornalista Juliana Dal Piva, no UOL, sobre o assunto.

As matérias mostram que o familiar que não quisesse devolver a quantia combinada do salário era retirado do esquema. Andrea Siqueira Valle afirmou que Bolsonaro demitiu o irmão dela porque ele se recusou a devolver a maior parte do salário de como assessor.

"O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'", conta Andrea em áudio divulgado.

A série também revela que, dentro da família Queiroz, Jair Bolsonaro é o verdadeiro "01." Em troca de mensagens de áudio, a mulher e a filha de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar e Nathália Queiroz, chamam Jair Bolsonaro de "01". Márcia afirma que o presidente "não vai deixar" Queiroz voltar a atuar como antes.

Uma terceira matéria descreve como recolher salários não seria uma tarefa exclusiva de Fabrício Queiroz. A ex-cunhada do presidente diz que um coronel da reserva do Exército e ex-colega do presidente na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), Guilherme dos Santos Hudson, atuaria no recolhimento de salários da ex-cunhada de Jair Bolsonaro, no período em que ela constava como assessora do antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

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Fontes

Andrea Siqueira Valle fez as revelações a pelo menos duas pessoas ouvidas pela coluna da jornalista Juliana Dal Piva e em diferentes ocasiões entre 2018 e 2019. Um dos interlocutores que ouviu Andrea entregou as gravações originais revelando o esquema. A ação foi feita mediante a condição de ficar em anonimato.

Advogado do presidente

Questionado sobre as gravações de Andrea Siqueira Valle, o advogado Frederick Wassef, que representa o presidente, negou ilegalidades e disse que existe uma antecipação da campanha de 2022. "São narrativas de fatos inverídicos, inexistentes, jamais existiu qualquer esquema de rachadinha no gabinete do deputado Jair Bolsonaro ou de qualquer de seus filhos".

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