Passageiros reclamam da frota de ônibus disponível em Fortaleza
Mesmo após Prefeitura anunciar frota extra de 200 ônibus nos horários de pico, passageiros seguem reclamando de lotação nos terminais e dentro dos coletivos
14:56 | Fev. 24, 2021
Quem depende do transporte público coletivo para se locomover por Fortaleza reclama das dificuldades para seguir os protocolos de segurança sanitária. A lotação dentro dos coletivos e nos terminais de integração segue como a principal queixa entre os passageiros.
No início do mês de fevereiro, a Prefeitura de Fortaleza anunciou que uma frota extra, com 200 ônibus, passaria a circular pela Cidade durante um período de 60 dias, nos horários de pico. O plano anunciado pelo prefeito José Sarto (PDT) visava ajudar os usuários a praticarem o distanciamento nos ônibus e nos terminais em horários de lotação, entretanto, os relatos dos passageiros não mostram o esperado pela Prefeitura. A Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou que concluiu na quarta-feira da semana passada, 17, o reforço de 200 ônibus extra nos horários de pico nas linhas de maior demanda.
"Não sinto essa diferença toda. Já havia reduzido no ano passado e não vejo mais ônibus agora. Fico esperando mais de 1h para pegar um ônibus. Depois das 16h isso aqui lota. Do jeito que dizem que a doença está se espalhando cada vez mais, como não vou ficar com medo?", conta Elenice Melo, 49, que trabalha como auxiliar em uma empresa de reciclagem.
Aldenir Lopes, 50, trabalha como cozinheira em um hospital da Capital e passa todos os dias no Terminal de Messejana. Ela também reclama da escassez de coletivos.
"Agora está tranquilo, mas ontem estava impossível. Passei 1h30min esperando um ônibus depois do trabalho. De manhã é uma lotação e à noite não tem ônibus. Falaram que colocaram mais ônibus, mas está tudo lotado e a doença no meio do mundo. Eu trabalho em hospital e vejo a situação grave que estamos. Já perdi um tio para essa doença. É um descaso com a gente esses ônibus lotados", desabafa a cozinheira.
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Medo também é o sentimento do bombeiro hidráulico Antônio Gomes, 47, que precisa usar o coletivo diariamente para trabalhar. Gomes relata que não tem a opção de ficar em casa, pois precisa sustentar a família.
"Quem vai dizer que não tem medo? A situação está piorando todo dia, eu sei disso. O Governo pede pra gente ficar em casa, mas eu preciso sair e andar nos ônibus todos os dias. Deveriam aumentar ainda mais a quantidade de ônibus, ainda tem muita gente. Estou todos os dias no terminal, entre 6h e 8h, isso aqui fica cheio", conta.
Raissa Nobre, 23, é estudante de enfermagem e mais uma passageira a enxergar problemas no atual modelo de circulação dos ônibus. Entretanto, Raissa acredita que oferecer mais ônibus pode não ser a melhor solução.
"Não sei se aumentar resolveria o problema, talvez fosse um incentivo para mais pessoas saírem de casa. Esse último aumento que teve não mudou nada, continua muito movimentado, muita gente nos ônibus. Tenho que sair de casa para trabalhar e estudar convivendo com essa doença", relata a estudante.
Reinaldo Lima, 53 anos, vendedor ambulante no Terminal de Messejana, é um dos poucos que relata ter sentido a diferença no aumento do número da frota nos últimos dias.
"As pessoas estão ficando menos tempo aqui, antes estavam comprando mais, porque ficavam mais tempo paradas nas filas. Para nós, vendedores, não ficou muito bom, mas a gente entende. Á noite aumenta um pouco o movimento no terminal, mas pra gente ficou fraco", conta.
A Etufor informou, por meio da assessoria, que o monitoramento do fluxo de passageiros nos terminais é realizado diariamente. Atualmente, a demanda de passageiros está em média de 480 mil passageiros/dia. Segundo o órgão, com os 200 ônibus extra, foi ampliada a programação de 104 linhas, acrescentando 120 veículos na frota diária. Outros 91 veículos, acrescenta a Etufor, ficam à disposição para ampliar a oferta das linhas de maior demanda nos terminais e nos pontos iniciais de linhas nos bairros. Assim, a Etufor pode alterar a programação das linhas de maior demanda, reforçando as linhas quando entende necessário.