Hospital da Mulher: 40% das mamografias previstas no Outubro Rosa não ocorreram

MPCE apontou problemas no atendimento às vítimas de violência e puérperas, o retorno do órgão para verificar as verificações deve ocorrer em 2 meses

11:57 | Nov. 12, 2019

Fachada do Hospital da Mulher, no bairro Jóquei Clube. (foto: Foto: Mauri Melo/O POVO)

Quatro em cada dez mulheres não compareceram para o exame de mamografia previsto para o último Outubro Rosa no Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann, também conhecido como Hospital da Mulher de Fortaleza. As pacientes marcam os exames nos postos de saúde e são encaminhadas pela Central de Regulação do município ao hospital. Após visitas, o Ministério Público do Ceará (MPCE) também constatou irregularidades no atendimento às mulheres em situação de risco na unidade de saúde.

O balanço foi divulgado na noite da segunda-feira, 12, pelo MPCE. A baixa adesão aos exames de mamografia chama atenção por se tratar justamente do mês quando ocorrem campanhas de conscientização no intuito de alertar sobre prevenção e diagnóstico precoce de câncer de mama.

O órgão, por meio das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde Pública e do Núcleo de Gênero Pró-Mulher (Nuprom), realizou, na manhã de ontem vistorias no equipamento público, localizado no bairro Jóquei Clube, em Fortaleza.

A inspeção verificou o funcionamento das instalações da unidade, o atendimento a pacientes e todos os serviços oferecidos pelo hospital. Participaram da visita as promotoras de Justiça Lucy Antoneli e Ana Cláudia Uchoa.

Acolhimento às vítimas de violência

Outro apontamento do MPCE trata-se do acolhimento às mulheres vítimas de violência, às gestantes e às puérperas com depressão e grave risco de suicídio. Segundo o órgão, esses dois últimos grupo de pacientes recebem tratamento inadequado no equipamento: têm de ser encaminhadas ao Hospital Mental de Messejana. “O ideal é que seja uma atenção integral, com atendimento psicológico e psiquiátrico. No hospital tem psicólogos, mas não tem médico psiquiatra para diagnosticar e tratar os casos mais graves”, explica Ana Cláudia Uchôa, promotora de Justiça.

O MPCE destaca ainda a criação de comissão para formular protocolo de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica, sexual e psicológica. “Nós viemos aqui verificar também a possibilidade de se criar um ambulatório, uma ala de internação, protocolos clínicos e fluxos de atendimento a essas mulheres vítimas de violência que possuem necessidades psiquiátricas”, declara a promotora de Justiça Lucy Antoneli.

O POVO procurou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) na manhã desta terça-feira, 12, para ter posicionamento sobre às recomendação do MPCE, mas até o fechamento dessa matéria, às 11h57min, não obteve retorno.  O Ministério Público retorna ao equipamento em dois meses para verificar se as recomendações foram acatadas pela gestão municipal.