Primeira testemunha é ouvida em julgamento da Chacina do Benfica
Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE), o julgamento durará dois dias, até quinta-feira, 7, por causa da "quantidade de réus, vítimas e pela complexidade do caso"Na manhã desta quarta-feira, 6, o Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE) deu início ao julgamento dos três acusados de participação na chamada Chacina do Benfica, que deixou sete mortos em diferentes ponto dos bairro de Fortaleza, em 9 de março de 2018. Sentam no banco dos réus Douglas Matias da Silva, Stefferson Mateus Rodrigues Fernades e Francisco Elisson Chaves de Souza. Os acusados irão a júri popular pelos crimes de homicídio, homicídio tentado e organização criminosa.
No julgamento, participa como testemunha Paulo Victor Policarpo, uma das três vítimas sobreviventes. Em seu testemunho, Paulo afirma ter dificuldade para lembrar do que aconteceu, e diz que muito do que sabe foram amigos que lhe contaram. O tiroteio aconteceu logo após chegarem à praça da Gentilândia. Naquela noite, o professor e a também vítima Tais comemoravam a aprovação de um amigo em um concurso, quando ele foi atingido por um tiro na cabeça. Ele se lembra apenas de ver “mesas voando como se fosse uma briga” e depois acordar no hospital. A defesa perguntou apenas se ele viu, ou sentiu, a chegada dos autores dos tiros.
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AssinePaulo, que é professor de francês, havia sido aprovado para o mestrado e para professor substituto da Universidade Estadual do Ceará (Uece), na época em que o crime aconteceu. Não chegou a assumir a vaga por conta das lesões causadas pelo crime. Hoje, tem sequela na visão, dificuldade para ler, e tornou-se cadeirante devido ao trauma, que lhe causou um trombo na perna e ossificação no quadril. A visão tem voltado, mas ainda está prejudicada. Paulo espera por uma cirurgia para operar o quadril. Junto a isso, o professor faz acompanhamento psicológico com uma psicóloga que se voluntariou para atendê-lo; e recebe cuidados da sua mãe, que parou de trabalhar com esse objetivo, enquanto seu pai é autônomo.
O professor destaca a responsabilidade do Estado em tomar as precauções para evitar que fatos como esse aconteçam. “Se havia uma série de crimes cometidos e uma série de mandados de prisão em aberto, o que iam esperar, nove pessoas morrerem?”, questiona ele. Embora ainda não possa retornar ao trabalho, Paulo diz que pretende voltar a estudar e recuperar a sua vida de alguma forma. “Agora assim, a responsabilidade é evidente, mandado em aberto é para ser cumprido”, desabafa.
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