Veja quais são os grupos do governo Bolsonaro e por que eles travam guerra interna
Com várias crises e "danças das cadeiras", pelo menos oito núcleos com interesses distintos disputam hoje uma queda de braço por protagonismo nos rumos do PlanaltoCaminhando para o 4º mês de mandato, o governo Jair Bolsonaro (PSL) ainda consome boa parte das energias' no controle de disputas internas pelo poder. Com várias crises e “danças das cadeiras”, pelo menos oito núcleos com interesses distintos disputam hoje uma queda de braço por protagonismo nos rumos do Palácio do Planalto.
Na última sexta-feira, 29, o tenente-brigadeiro Ricardo Machado Vieira foi confirmado secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC). A nomeação – a quarta para a vaga em menos de três meses – é novo capítulo de longa disputa interna entre “pragmáticos” e “ideológicos” pelo controle dos rumos da pasta, hoje comandada por Ricardo Vélez.
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O primeiro grupo, formado por militares, defende que o governo priorize a pauta técnica sobre a política, focando na execução de projetos como a educação a distância, a expansão de colégios militares.
Já o segundo grupo, formado por ex-alunos e pupilos do escritor de direita Olavo de Carvalho, defende ação mais enérgica no combate a "pensamentos esquerdistas". Nesse sentido, o núcleo "anti-establishment" (conforme cunhado pelo próprio assessor especial do governo, Filipe Martins) propõe destaque em pautas como o Escola Sem Partido e revisão do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na esteira do embate, pelo menos 13 pessoas deixaram o alto-escalão do MEC desde janeiro deste ano.
Disputas no Congresso
A situação conflituosa também tem ramificações no Congresso, onde diversos grupos travam embates na busca por maior influência nas diretrizes do governo. Neste sentido, destacam-se os muitos embates protagonizados entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com filhos de Bolsonaro, ministros do governo e até com o próprio presidente. Na interlocução, tenta atual o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), principal referência dos políticos dentro do governo.
No início de março, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, causou polêmica após responder a altura críticas de Carlos Bolsonaro (PSL), um dos filhos do presidente, no Twitter. Após ser acusado de atrapalhar andamento da reforma da Previdência no Congresso, Maia ligou para o ministro Paulo Guedes (Economia) e disse que deixaria de articular votos para a medida para o governo.
Em resposta, líderes do governo passaram a trocar críticas e acusações públicas contra o deputado, que chegou a acusar Bolsonaro de estar “brincando de ser presidente”. Na esteira da polêmica, Maia pautou e aprovou projeto que limita a margem que o governo pode definir para a execução orçamentária, que segue agora ao Senado.
Outro embate de Maia foi o ministro da Justiça, Sergio Moro, que tenta aprovar pacote de medidas anticorrupção no Congresso. Após ser cobrado diversas vezes pelo ministro para apressar tramitação da pauta na Câmara, o presidente da Casa retrucou dizendo que a proposta não possui “nada de novo” e destacou que Moro é “empregado de Bolsonaro”.