Professor de Economia da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e da Uni7, Ricardo Coimbra avalia que a demora na entrega da proposta de reforma da Previdência dos militares tem um objetivo: tentar compensar eventuais perdas que a categoria terá ao aderir ao regime geral de aposentadorias.
A inclusão dos militares na Previdência foi uma das condições impostas pelo Congresso para votar a PEC que reestrutura o sistema.
Hoje, integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) se aposentam após 30 anos de serviços prestados. O critério é válido para homens e mulheres.
Com a reforma, os militares passariam a se aposentar somente aos 35 anos de serviço. A contribuição previdenciária também mudaria, passando da alíquota atual de 7,5% para 10,5%.
Além disso, dois pontos devem ser eliminados nas regras de aposentadoria da categoria: a integralidade da remuneração, uma das garantias do modelo vigente, e a paridade nos reajustes salariais.
Para equilibrar essas perdas, segundo Coimbra, os militares querem negociar uma progressão na aplicação do índice de contribuição, que começaria com percentuais menores até chegar à meta pretendida pelo Planalto.
De acordo com o especialista, a equipe econômica do ministro Paulo Guedes, no entanto, não deve aceitar essas "gorduras" que os militares tendem a apresentar no texto da proposta.
"Se o sacrifício é para todo mundo, muito provavelmente eles terão de ter esse sacrifício", avaliou. (Henrique Araújo)